Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia



22 mar

Duas tolices que atrapalham governos, inclusive o de Caiado: 1) perder tempo com agendas secundárias, tipo inaugurar quadra esportiva, e 2) perseguir quimeras como, por exemplo, VLT em Goiânia

Na ânsia de mostrar serviço e conquistar a aprovação dos governados, toda administração acaba perdendo tempo com agendas sem a menor importância e também desfraldando bandeiras que não passam de quimeras e jamais se tornarão realidade. No caso de Ronaldo Caiado, é notória a sua predileção por compromissos irrelevantes, como, por exemplo, a inauguração de uma cobertura de quadra esportiva ou a solenidade em que, ao lado do secretário de Segurança Rodnei Miranda, comemorou a suposta queda dos índices de crimes violentos no último carnaval. Atividades periféricas como essas têm engrossado a rotina do governador e consumido grande parte do precioso tempo que deveria dedicar à solução dos desafios mais urgentes do Estado, que nem é preciso enumerar aqui.

 

Caiado também atravessa a rua para pisar em cascas de banana plantadas na calçada do outro lado. Nesta semana, foi a São Paulo discutir com empresários chineses a implantação de uma rota de VLT – Veículo Leve sobre Trilhos em Goiânia, ilusão que os governos do Tempo Novo perseguiram inutilmente durante nos últimos 20 anos, sem chegar a nada de concreto, a não ser um enorme dissipação de dinheiro com funcionários, instalações, projetos, viagens e outros desperdícios. Goiânia não está amadurecida para projetos de transporte coletivo como o VLT: a população da cidade representa um mercado de baixo potencial, ou seja, não alcança nem os 3 milhões de habitantes de uma capital como Salvador, onde, sim, um sistema parecido está sendo implantado. Uma prova da inviabilidade econômica de Goiânia é o fiasco financeiro do Eixo Anhanguera: se dependesse das tarifas cobradas para sobreviver, já teria sido fechado há anos. Como é que se implantaria na mesma linha um corredor de VLT, que custa muito mais caro?

 

Nem empresários chineses nem de nacionalidade nenhuma jamais virão para investir seu dinheiro em empreendimentos que não têm garantia de retorno. Isso é básico no capitalismo. Ora, direis, no passado a Odebrecht se interessou em entrar no negócio do VLT em Goiânia. É verdade. Mas nada aconteceu. A Odebrecht queria apenas mais uma mamata, das tantas que em que se envolveu pelo Brasil e mundo afora. Como os cofres do governo goiano estavam vazios, a empreiteira tratou de pular fora.

 

Dá um frio na barriga ver Caiado repetindo, inocentemente, os delírios dos governantes de antanho atrás de holofotes para causar impacto junto à sociedade. Justiça se faça a Iris Rezende, um gestor público que nunca gastou e não gasta o seu tempo com devaneios e obras que só existirão no mundo da ficção. O velho cacique emedebista e seu estilo administrativo realista é um belo exemplo a ser seguido. Está faltando a consciência a Caiado de que foi eleito para fazer uma mudança radical na administração estadual, não para brincar com as expectativas dos goianos.