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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 jul

PSDB goiano não aprende nada com os seus erros e toma o mesmo caminho equivocado que levou o PMDB/MDB a perder todas as eleições desde a derrota de 1998 e se limitar hoje a apenas 3 deputados

Não há nada mais parecido com o PSDB que hoje cambaleia em Goiás do que o PMDB/MDB que igualmente foi surpreendido pela derrota de Iris Rezende em 1998, tal qual a de Marconi Perillo no ano passado, ambos os episódios resultados de uma sucessão de erros. No caso do PMDB/MDB, acumulando-se por mais 20 anos de fiascos seguidos nas urnas até chegar à triste condição final de partido quase nanico, com apenas três deputados federais, nenhum federal e pouquíssimos prefeitos (já que o presidente do diretório estadual emedebista Daniel Vilela se deu ao luxo de expulsar figuraças municipais como Adib Elias, de Catalão, e Paulo do Valle, de Rio Verde).

 

Após a espetacular vitória do jovem Marconi Perillo em 1998, o PMDB/MDB recusou qualquer projeto de reciclagem ou reoxigenação política, preferindo se acoitar sob a sombra de um Iris que tinha perdido a boa mão para a política, assim como agora o PSDB também se nega a uma renovação mesmo mínima e se joga nos braços enfraquecidos de Marconi, que é pior que o Iris de duas décadas atrás, já que está muito mais desgastado e sob o fogo de mais de uma dezena de processos judiciais, pelo menos um de natureza criminal – e seríssimo – que pode levá-lo a uma pena de prisão por receber propinas da Odebrecht.

 

Iris conseguiu um milagroso renascimento delimitado a Goiânia, onde ganhou, digamos assim, o perdão parcial do eleitor, o mesmo que continuou rejeitando a sua volta para o governo estadual. Quanto a Marconi, parece difícil que algo semelhante aconteça, mesmo porque ele não possui mais a mínima condição de disputar eleições majoritárias. E, quanto ao seu projeto político, que é um mandato de deputado federal em 2022, as suas asas podem cortadas caso qualquer uma das denúncias a que responde na Justiça produza sentença de 2º grau, o que o proibirá de registrar candidatura pelos oito anos seguintes. É bem possível.

 

Depois de um espasmo em que deu a impressão de que passaria por uma ligeira reorientação, o PSDB de Goiás recuou e cedeu a presidência da legenda para um nome da cozinha de Marconi, o prefeito de Trindade Jânio Darrot – um político raro que em de 10 anos de carreira em mandatos legislativos e em cargos executivos nunca foi alvo do Ministério Público. Mas Jânio, que é a inocência em pessoa, foi colocado no comando da sigla tucana para atender ao esforço de sobrevivência do ex-governador e não para mudar o que quer que seja. Não tem a chama necessária para liderar a oposição obrigatória que o partido deveria fazer ao governador Ronaldo Caiado e jamais dará um passo de importância sem antes telefonar para São Paulo para ouvir a opinião do seu líder maior, que, nas condições de fragilidade em que se encontra, será sempre a de evitar confrontos.

 

O PSDB, portanto, morreu em Goiás, atrelado à morte política de Marconi, decretada pelas urnas e pelos  promotores estaduais e procuradores federais. Algum barulho tem sido feito pelos deputados na Assembleia, como Talles Barreto ou Leda Borges, entusiasmados com o papel oposicionista que assumiram, mas sem o respaldo de mais ninguém. É a mesma história do PMDB/MDB. Não há diferença. Um tinha Iris (e Maguito Vilela), o outro tem Marconi – atravessados no caminho. É questão de tempo até que os dois acabem.