Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

12 jul

Intervenção no diretório estadual ou reintegração dos dissidentes expulsos, por ordem da presidência nacional do MDB, passou a ser viável depois da carta de Iris repreendendo Daniel Vilela

A carta do prefeito de Goiânia Iris Rezende ao presidente do diretório estadual do MDB Daniel Vilela, defendendo os prefeitos que apoiaram a eleição de Ronaldo Caiado no ano passado (são vários, mas três em especial foram citados na mensagem: Adib Elias, de Catalão; Paulo do Vale, de Rioverde; e Fausto Mariano, de Turvânia), pode levar a presidência nacional do partido a adotar medidas como uma intervenção em Goiás, o que seria algo mais radical, ou a reintegração dos dissidentes expulsos, nessa hipótese uma decisão bem amena, embora igualmente desmoralizante para os dois Vilelas, Daniel e Maguito, que hoje controlam a agremiação em Goiás.

 

Acrescente-se o peso do senador Luiz Carlos do Carmo, que tem falado em deixar o MDB caso não haja uma solução para o imbróglio da expulsão (ou seja: uma reversão). O partido tem a maior bancada no Senado, com 12 cadeiras, mas corre o risco de ver essa superioridade abalada caso o goiano resolva mesmo procurar outro abrigo – descontente com a condução de Daniel Vilela e receoso de que os seus planos para se candidatar à reeleição em 2022 possam ser afetados.

 

Como se sabe, nem Daniel nem Maguito possuem mandato em Brasília, condição que costuma ser fundamental para o controle dos diretórios estaduais de qualquer partido, implicando, inclusive, em aumento da participação nos recursos do milionário fundo partidário. Pior ainda: o MDB goiano não tem nenhum deputado federal. E seu único senador só o é em razão de ter sido suplente de Caiado, que renunciou para assumir o governo do Estado.

 

A carta de Iris tem importância na medida em que abala o prestígio dos dois Vilelas junto à cúpula nacional emedebista e pode reverter um quadro que, até agora, parecia inteiramente favorável à manutenção do atual diretório estadual e à confirmação das expulsões. Tudo indica que foi produzida exatamente para esse fim.