Zé Eliton é agressivo ao condenar troca de cargos por apoio (que ele já fez) e diz que isso é “política arcaica” e “nada nos enoja mais”. O significado é um só: ele não é político e, mais ainda, não gosta de política

Tem muita importância o discurso do governador Zé Eliton no Teatro Basileu França, quando disse, referindo-se a pressões de políticos por ocupação de espaço no governo, que “nada mais retrógrado, nada mais ultrapassado, nada mais vil, nada mais leviano, nada nos enoja mais do que ser obrigado a ter esse tipo de debate no cenário político, cruel debate”.
Ora, cargos públicos sempre foram moeda de troca em todos os governos. Todos. Inclusive no mandato-tampão do próprio Zé Eliton, que teve entre suas primeiras medidas a criação de uma secretaria e de uma batelada de sinecuras para atender partidos, ex-prefeitos e aliados momentaneamente sem emprego.
Ele mudou de opinião? Não. Está é revoltado e sem saber o que fazer diante do apetite do ministro Alexandre Baldy e do deputado federal Heuler Cruvinel (ambos do PP), que exigem mais espaço para, quem sabe, apoiar a candidatura de Zé Eliton – nem certeza dão.
Acuado, assistindo sem reação à multiplicação de rachaduras na base, o governador fez um desabafo bem emocional. Mas não foram palavras vãs. Anote aí, leitor: ele mostrou que não é político, que não sabe fazer política, que só conta com o cargo para se impor. Que não gosta de política. Que a política é um problema, não uma solução – como nos tempos no governador Marconi Perillo, que nunca teve dificuldade para lidar com os desafios da sua ampla base de sustentação. Zé Eliton talvez se sinta encarregado de uma missão superior, a de levar Goiás a um destino glorioso.
Esse discurso espantou a base governista.