Crítica de Daniel Vilela ao governo é mais precisa que a de Caiado, não é superficial, não se vale apenas de frases de efeito e tem fundamento em fatos concretos que ninguém pode negar
Encorpado politicamente pelo apoio dos partidos que conquistou na reta final das convenções que definiram as chapas majoritárias para a próxima eleição, Daniel Vilela deu um salto de qualidade no seu discurso oposicionista – que já era de boa qualidade.
O jovem emedebista discursa como quem conversa com a plateia. Não usa frases de efeito nem a entonação dos palanqueiros de antigamente, que podem ser identificados em Ronaldo Caiado e Zé Eliton. Menos ainda é professoral. Ao contrário, procura desenvolver raciocínios lógicos para apresentar as suas ideias, ancorando-as em fatos da realidade que ninguém pode negar.
Em um evento em Aparecida, neste final de semana, o emedebista voltou a falar com propriedade (há quem julgue a sua capacidade de expressão a melhor dentre todos os candidatos a governador e, sim, parece ser mesmo). Afirmou, por exemplo, que o grupo que está no poder há 20 anos em Goiás “perdeu a capacidade de inovar”. Veja bem, leitor: ele está reconhecendo que, em outros momentos, o Tempo Novo teve capacidade para realizar, mas “perdeu a capacidade de inovar”. Não é uma crítica a qualquer preço. É uma avaliação – e, sejamos sinceros, corretíssima. Basta conferir o discurso do governador Zé Eliton na convenção do PSDB, repetindo exaustivamente que a sua proposta é garantir projetos que já envelheceram, alguns desde o primeiro governo de Marconi, como a Renda Cidadã, a Bolsa Universitária, o Cheque Moradia e outras ideias que inovaram, no passado, mas hoje estão superadas e não correspondem mais à modernidade do Estado. São o contrário de qualquer inovação. Zé Eliton quer ser eleito para fazer o que já existe e já é feito.
Nesse particular, como tirar de Daniel Vilela a razão? Da mesma forma, quando diz que o governo virou uma sucessão dos mesmos nomes se revezando nas funções mais importantes da administração, sem sintonia nenhuma com a sociedade. Esse é um dos aspectos mais negativos do sistema de poder liderado por Marconi Perillo e hoje entregue a Zé Eliton. Há secretários há tanto tempo em cargos diversos que poderiam se aposentar, se isso fosse permitido pela lei. E se você, leitor, votar para eleger o atual governador, levará junto uma leva de joões furtados, jaymes rincons, leonardos vilelas, taveiras e taveirinhas, siqueirões e siqueirinhas – gente que está “governando” Goiás desde o século passado.
Daniel Vilela segue no rumo.