Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

21 ago

Jornalistas usam terminologia errada para designar os atos da Justiça Eleitoral em relação aos candidatos: aprendam aqui o correto e não errem mais

Atenção jornalistas políticos de todo o país, aprendam aqui: é erro crasso, demonstração de profunda ignorância, falar em “pedir a impugnação”. Ninguém pede para impugnar alguma coisa. Impugna-se – e pronto, está impugnado. Cabe ao juiz decidir se acolhe ou não a impugnação. Juízes não impugnam. Se o pedido está devidamente instruído, ele defere o que se pediu. Se alguém, parte interessa e legitimada, não estiver de acordo que alguém seja, digamos, candidato, poderá apresentar um pedido ao juiz para que indefira o registro. Está, pois, o pedido de registro, impugnado. Após serem as partes ouvidas e colhido o voto ministerial, o juiz decide o caso, acolhendo a impugnação, ou rejeitando-a.

 

Portanto, meninos, ouçam bem: evitem falar ou escrever que alguém “pediu a impugnação” disto ou daquilo. É feio, soa mal, demonstra ignorância. Jornalistas não podem dar bandeira, tem que informar corretamente, dando o nome certo das coisas. Só jornalistas ignorantes tentam mudar o vocabulário jurídico por mero capricho estético.

 

Também é errado dizer que fulano ou beltrano registrou a sua candidatura. O registro é o ato pelo qual o juiz declara que o requerente está habilitado a ser votado, e que seu nome via figurar na cédula eletrônica. Antes disso, muita coisa pode acontecer. Pode haver impugnações, que deverão ser julgadas. O juiz pode negar deferimento ao pedido se julgar que não está corretamente instruído. Etc e tal.

 

Outra coisa, caros confrades: parem de falar que o juiz “deu parecer” a favor ou contrário a isto ou aquilo. Juízes não dão parecer, juízes julgam, decidem, ordenam, mandam. Entenderam? Quem dá parecer é o Ministério Público. Parecer é meramente uma opinião fundamentada que o juiz pode ou não levar em consideração quando for decidir.

 

Já que não podemos impedir a corrupção por certos políticos, vamos pelo menos impedir que a língua se corrompa.(Helvécio Cardoso, jornalista)