Marconi, Rincón e os demais envolvidos nas propinas da Odebrecht saíram da cadeia, mas não esclareceram: de quem são os mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo apreendidos pela Polícia Federal?

Os desembargadores do Tribunal Federal de Recursos da 1ª Região foram condescendentes e liberaram, através de habeas-corpus, todos os detidos em regime de prisão provisória ou preventiva pela Operação Cash Delivery – Marconi Perillo e Jayme Rincón, dentre outros – sob a alegação de que todas as provas já teriam sido colhidas e que a libertação não prejudicaria as investigações.
Para dar essa decisão, os desembargadores do TRF1 simplesmente desconsideraram a prova das provas encontrada pela Polícia Federal: mais de R$ 1 milhão de reais em dinheiro vivo, escondidos um pouco na casa de Jayme Rincón e a maior parte na do seu motorista. De quem é esse dinheiro? Marconi respondeu que não faz a menor ideia. Rincón também disse que não sabia. E o motorista, sintomaticamente, ficou em silêncio quando foi perguntado durante o seu depoimento, instruído por um advogado de defesa que apareceu ao seu lado sem que ele o conhecesse ou o tivesse contratado.
Para o Ministério Público Federal, que pediu, e para os juízes de 1ª instância da Justiça Federal que decretaram as prisões de todos os envolvidos, os mais de R$ 1 milhão, sem origem, sem dono, sem finalidade, provam que a organização criminosa que arrecadava propinas em troca de favores governamentais, em Goiás, continua ativa. O raciocínio tem lógica. Mas não para os desembargadores do TRF1 (os dois que concederam os habeas-corpus). Uma montanha de dinheiro como essa não aparece do nada. Evidencia, sim, o seguimento da ação delitiva do grupo, caso contrário ou Rincón ou o seu motorista teriam falado sobre a origem, propriedade e finalidade do dinheiro. E isso lembrando que Rincón, ex-tesoureiro de Marconi nas campanhas de 2010 e 2014, para as quais a Odebrecht destinou as propinas, era, até o momento da sua prisão, coordenador-geral da campanha de Zé Eliton ao governo do Estado.
Os dois desembargadores que concederam os habeas-corpus em cascata que livraram da prisão os alvos da Operação Cash Delivery foram generosos e… lenientes. Não enxergaram o que estava à vista. E o que estava e continua à vista é o que aparece na foto acima, leitor.