Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 dez

Preferência maciça por nomes de fora e da sua intimidade, além da forte influência da família, revela que Caiado não tem laços com a sociedade, em Goiás, e precisa construir essa relação

O secretariado do governador eleito Ronaldo Caiado, pelos nomes anunciados até agora e pelos já previstos, terá presença maciça personalidades de fora do Estado e, entre os goianos, de amigos e colaboradores muito íntimos, a exemplo do ex-prefeito Marcos Cabral, além de uma assumida influência de familiares, como a mulher Gracinha, a filha Anna Vitória e o genro Alexandre Hsiung.

 

O que tudo isso significa? Que Caiado não tem laços com a sociedade goiana, depois de construir uma carreira política centrada no Congresso Nacional e quase que inexistente no Estado, a não ser nas eventuais eleições que disputou, quando montava acampamento provisório em Goiás até a abertura das urnas.

 

Ele não conhece quadros e talentos regionais que poderiam compor a sua equipe de auxiliares. Nada sabe do meio acadêmico estadual e nem mesmo do ambiente empresarial, nichos, aliás, sobre os quais alimenta desconfiança profunda a partir da avaliação de que estiveram comprometidos radicalmente com o Tempo Novo de Marconi Perillo – e é verdade que, de ambos, Marconi recebeu apoio extremado até mesmo às vésperas da última eleição, mesmo após ter sido declarado alvo da Operação Cash Delivery, com ações policiais em seus endereços e contra amigos do peito.

 

Em Goiás, Caiado só conhece mesmo a classe política, contra a maioria da qual conquistou o governo do Estado com uma votação recorde e logo no 1º turno. Não há muito o que retirar daí, portanto, para compor uma gestão que se propõe a ser revolucionária, embora, por enquanto, baseada em palavras de ordem genéricas e em um pedido à população para que acredite não por propostas detalhadas, mas como artigo de fé relacionado com a biografia limpa e escorreita do novo governador – o que não é pouco, mas também não é tudo.

 

A relação entre Caiado e, digamos assim, a elite goiana, ainda terá que ser construída.