Polêmica sobre o pagamento da folha de dezembro é um caso clássico em que os dois lados estão errados, o governo que sai e o governo que entra

A polêmica sobre o pagamento de dezembro do funcionalismo estadual é um caso clássico em que os dois lados – o governo que sai e o governo que entra – estão certos, por um lado, e muito errados, por outro. .
Na verdade, o debate sobre o assunto deveria partir de uma premissa que as duas partes precisam respeitar acima de tudo: os servidores têm direito incontestável a receber os salários, não só de dezembro, mas de todos os meses do ano, desde que tenham trabalhado. As manobras jurídicas e financeiras para que isso aconteça interessam menos, desde que o objetivo de pagar a folha seja cumprido, preferencialmente em dia, conceito elástico que hoje em dia implica em cinco a 10 dias de atraso.
A discussão instalada entre as duas gestões é meramente política. Para o governo entrante, que representa um processo de ruptura, interessa ao máximo caracterizar a administração findante como incompetente e desastrosa. Para o governo que está acabando, o objetivo é salvar o que for possível da sua imagem, já comprometida por um acúmulo de desacertos como se viu poucas vezes em outros momentos da história de Goiás. Na prática, tanto uma gestão como a outra dispõem dos meios necessários para garantir os vencimentos de dezembro dos servidores, desde que… haja dinheiro para isso.
E parece que há. O governador Zé Eliton prometeu pagar quem ganha até R$ 3,5 mil mensais até o último dia de dezembro. Na sequência, caberá ao seu sucessor Ronaldo Caiado quitar os salários de valor superior, o que, nos últimos quatro anos, aconteceu sempre no dia 10, com o dinheiro da arrecadação que entra entre dia 1º e dia 10 e assim acontecerá no mês de janeiro.
É muito simples. Fora disso aí, o que acontecer dará margem a algum tipo de suspeita.