Com os desgastes prematuros que acometem o governo Caiado, Zé Eliton tem mais chances que Marconi de voltar a um lugar de destaque na política, mesmo porque não enfrenta adversidades judiciais

O ex-governador tampão Zé Eliton não pode ser dado como carta fora do baralho da política estadual e tem muito mais chances que o também ex Marconi Perillo de voltar ao jogo, aproveitando o espaço que está se abrindo com os desgastes prematuros que acometem o governador Ronaldo Caiado em suas semanas iniciais de mandato.
Em sete anos e meio como vice e mais nove meses como governador, com a candidatura à sua própria sucessão, é incontroverso que Zé Eliton adquiriu um forte recall eleitoral e se transformou em nome conhecido em todos os cantos do Estado. Trata-se de um capital político que não pode ser ignorado e que ele não deveria abandonar – o que pode fazer, já que vem dizendo que considera ter cumprido a sua missão como homem público e que a partir de agora irá se dedicar exclusivamente ao seu escritório de advocacia.
Zé pode ressurgir, por exemplo, como candidato a prefeito de Goiânia. Uma pesquisa publicada pelo jornalista Divino Olávio, em sua coluna no jornal Diário Central, traz o ex-vice e ex-governador temporário em segundo lugar, atrás apenas do senador Jorge Kajuru. Com a sua forte e inegável presença na memória popular, o seu nome pode ser competitivo na capital em 2020. Na eleição passada, ele ficou em terceiro lugar em Goiânia, bem melhor sufragado que Marconi (que tinha a vantagem de disputar um pleito onde o eleitor tinha o direito de votar duas vezes para o Senado e mesmo assim ficou em sexto lugar).
A vantagem crucial que Zé tem sobre Marconi é uma maior tranquilidade no campo judicial. Os processos a que responde são bem menos agressivos que os do tucano-mor, esse, sim, vivendo um verdadeiro cerco forense e com a imagem afetada pela divulgação quase que diária de novas denúncias ou desdobramentos das que já existem. Há outros problemas, porém. Um deles é a falta de aceitação que Zé tem dentro do PSDB, em razão da sua histórica inaptidão para as articulações políticas miúdas, indispensáveis dentro dos partidos. Os tucanos que restaram da catástrofe eleitoral do ano passado podem não querê-lo de volta.