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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 abr

Oposição a Caiado é fraquíssima e não tem liderança porque Marconi fugiu para São Paulo deixando o PSDB manchado pelos escândalos. Única voz é Talles Barreto, ainda em fase de aprendizagem

O governador Ronaldo Caiado, politicamente, só tropeça nas próprias pernas. É ele mesmo a fonte dos seus desgastes porque, no que depender da oposição, ele caminha em terreno seguro e limpo. O nome que poderia liderar o contraponto ao seu governo seria o do ex-governador Marconi Perillo, que desistiu da tarefa e se exilou em São Paulo, onde pena para sobreviver ao cerco judicial de que é alvo.

 

Marconi deixou o PSDB, maior partido do Estado até a eleição do ano passado, em frangalhos. Além do emagrecimento radical determinado pelas urnas, o partido também foi atingido pela sucessão interminável de escândalos que parece ser a marca do falecido Tempo Novo. Todo dia, aparecem novas revelações, mais operações policiais acontecem e, de resto, até o próprio líder maior dos tucanos chegou a ser preso e a teve a sua honorabilidade maculada pelo envolvimento em uma roubalheira como nunca se viu antes em Goiás e quiçá no Brasil, com malas de dinheiro para cima e para baixo e, em sua última versão, folclorizada com barras de ouro.

 

Caiado, portanto, assumiu o governo e vai tocando sem maiores problemas, pelo menos da parte daqueles que deveriam se opor a ele, a não ser os que ele mesmo cria, como a fatídica e infeliz decisão de não pagar o mês de dezembro ao funcionalismo – raiz de todos os desgastes da sua administração e provavelmente responsável por derrubar a sua aprovação para a metade do que obteve na eleição (há pesquisas indicativas nesse sentido, em municípios de importância como Aparecida, Anápolis e Catalão, embora não estadualmente ainda). Em resumo, a oposição ao novo governo é fraquíssima. Ou inexistente. Talvez a única exceção seja o deputado Talles Barreto(foto), a maior voz crítica ao Palácio das Esmeraldas, que ele frequentou durante toda a sua carreira política, porém agora obrigado ao papel de aprendiz de um ofício que ele nunca imaginou que enfrentaria.

 

Fora Talles Barreto, na arena política, quem fala contra Caiado, excetuando-se também seus próprios aliados, como o deputado Major Araújo, responsável pela denúncia do “balcão de negócios” aberto pelo governo para comprar apoio na Assembleia Legislativa? Ninguém. O antigo suporte parlamentar dos tucanos se esvaiu entre a incapacidade e o fisiologismo. Entre os primeiros, deputados como Gustavo Sebba e Lucas Calil, apaixonados pelo ex-governador, ao qual se mantêm fiéis, só que sem saber o que fazer ou dizer contra o novo governador. E outros como Diego Sorgatto e Virmondes Cruvinel, que se renderam mais facilmente do que se esperava aos encantos dos cargos e benesses governamentais. A base política de Marconi virou pó e não representa nenhum risco ou perigo para Caiado. E assim oposição engatinha.