O que houve na Codego? Por que parte da diretoria foi demitida, inclusive o presidente Valderi Borges? Se Caiado tiver compromisso com a transparência, precisa esclarecer rapidamente todas as dúvidas
De repente, há poucos dias, o governador Ronaldo Caiado resolveu intervir na Codego – a mesma estatal que, no final do ano passado, esteve no centro de um escândalo que levou seu então presidente, Júlio Vaz, à prisão, arrastando também o amigo, protetor e ex-presidente da Agetop Jayme Rincón para o mesmo lugar. De uma penada só, Caiado demitiu o presidente Valderi Borges e os diretores Cesmar Moura de Oliveira (técnico) e Carlos César Savastano de Toledo (administrativo). Surpresa geral.
E não foi pouca coisa. Em clima de mistério, nem o governador nem qualquer autoridade estadual deram qualquer informação a respeito das exonerações e é claro que boatos e especulações ocuparam o espaço vazio. O presidente e os dois diretores acabaram sumariamente afastados em razão de irregularidades levadas ao conhecimento do Palácio das Esmeraldas. Quais, exatamente, ninguém sabe. Mas graves, obviamente, pela reação que desencadearam. Falou-se em um festival de contratações de funcionários com salários milionários, beneficiando parentes, inclusive um filho do deputado estadual Álvaro Guimarães – a quem a Codego foi entregue, de porteira fechada, e de quem partiram as indicações para o preenchimento da diretoria, tanto que Valderi Borges é de Itumbiara, terra também de Álvaro Guimarães, seu padrinho. Há comentários também sobre negociações de contratos e alienação de áreas públicas.
Para Itumbiara, onde reside, sabe-se que o ex-presidente viajava toda quinta, em carro oficial da companhia, recebendo diárias, a pretexto de inspecionar o distrito industrial local, retornando na terça. Um dossiê mostrando esses disparates foi levado à primeira-dama Gracinha, tudo indica que por gente da própria Codego, daí pousando rapidamente no colo do governador. Na iminência de enfrentar o primeiro caso de corrupção inteiramente nascido dentro do seu governo, Caiado se mexeu com agilidade, porém correu de todo e qualquer dever de transparência, contrariando as suas próprias palavras desde que assumiu o Executivo estadual em janeiro deste ano.
São muitas as perguntas sem resposta a respeito do que aconteceu na Codego. No entanto, parece claro um movimento do governador para varrer a sujeira para debaixo do tapete. É um erro. Colocar todas as situações da administração em pratos limpos, sempre, foi um dos itens principais da prometida mudança que elegeu Caiado, no ano passado. Mas não é o que se vê.