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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 jul

Farra das medalhas na Cidade de Goiás repetiu governos de Marconi e Zé Eliton e desperdiçou dinheiro público em um momento de dificuldades financeiras alegadas pelo próprio governador Caiado

Nada menos do que 334 medalhas honoríficas foram entregues pelo governador Ronaldo Caiado, na semana passada, durante a solenidade de instalação do governo na Cidade de Goiás, mobilizando centenas de funcionários públicos, um grande volume de despesas com diárias e transporte, além de aluguel de tendas e palcos (e quem sabe muito mais), sem falar no custo direto das insígnias em metal dourado – compradas pela Secretaria da Casa Civil por R$ 36 mil reais, à vista.

 

Vejam bem, leitora e leitor: segundo alega insistentemente o próprio Caiado, Goiás vive uma crise financeira sem precedentes. Diz ele que não há caixa para nada, como não houve para quitar os salários do funcionalismo referentes ao mês de dezembro, até hoje sem liquidação integral. Mesmo assim, apareceram recursos para pagar os galardões entregues a mais de três centenas de pessoas, acompanhados de estojo e diplomas. E mais uma festança como poucas vezes houve, mesmo nos governos passados que tanto apreciavam esse tipo de evento. Dinheiro público jogado para cima. Ou pelo ralo.

 

Austeridade fiscal não dá margem para nada parecido. Ou se fecha a torneira ou não passa de conversa fiada. O que se gastou com a farra das medalhas na Cidade de Goiás, mais os custos da transferência da sede do governo, sem nenhum sentido prático, pode ser pouco dinheiro comparado à imensidão do rombo apregoado por Caiado. Mas é de grão em grão que a galinha enche o papo. Economia tem de ser para valer e, simbolicamente, deve ir a extremos como o corte do cafezinho. Sem falar no exemplo: um governo que pede sacrifícios para a sociedade deveria ser o primeiro a cortar na carne. Até o osso. Não patrocinar folguedos.