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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 ago

Caiado convoca deputados da sua base para uma reunião no Palácio das Esmeraldas, mas o resultado é um fiasco: somente 18 comparecem, sinalizando nuvens negras para o governo na Assembleia

A reunião convocada para esta segunda-feira – na verdade, um café da manhã – pelo governador Ronaldo Caiado com os deputados que integram a sua base na Assembleia acabou resultando em um autêntico fiasco: compareceram apenas 18 parlamentares, ao contrário do encontro anterior, em abril, que foi prestigiado por 27 deputados. Mais grave ainda, o presidente Lissauer Vieira não deu o ar da sua graça.

 

O baixo quorum do encontro antecipa as nuvens negras que estão formadas no horizonte de Caiado quanto às suas necessidades de aprovar matérias polêmicas no Legislativo, a primeira das quais, ou seja, a inclusão dos gastos com a UEG no limite constitucional destinado à Educação, já está embicada e deve ser apreciada nos próximos dias. Isso, se o governo não desistir e retirar o projeto, com aconteceu no caso das mudanças do Passe Livre Estudantil, em que o Palácio das Esmeraldas recuou antes de uma inevitável derrota em plenário. A torto e a direito, o presidente Lissauer Vieira tem dito que a Assembleia não emprestará o seu aval às medidas de austeridade fiscal que estão previstas no Regime de Recuperação Fiscal – que, no momento, deixou de ser o objetivo de Caiado, dentro do seu vaivém decisório, agora voltado para o mais ameno Plano de Equilíbrio Fiscal (no entanto, ainda uma cogitação distante, já que o projeto, sim, chegou ao Congresso, mas ainda não deu um único passo).

 

Reunir fisicamente uma base que não está consolidada e não oferece margem de segurança  é algo que beira a infantilidade. Por isso, o fracasso do café da manhã tem também uma outra leitura: comprova o amadorismo dos articuladores de Caiado na Assembleia. São eles o secretário de Governo Ernesto Roller e o líder Bruno Peixoto, próximos da condição de trapalhões quando se trata de encaminhar os interesses de Caiado na Assembleia, como se viu em episódios como a emenda que permite a reeleição de Lissauer Vieira, que os dois tentaram inutilmente bombardear – trazendo como consequência prática a instalação de um clima de constrangimento nas relações entre o Executivo e o Legislativo.

 

Dizem as más línguas que, se dependesse da sua vontade exclusiva, o governador imediatamente trocaria os dois, pela ineficiência demonstrada. Ocorre que um, Roller, renunciou a dois anos de mandato como prefeito de Formosa para assumir o seu posto na equipe caiadista e, daí, não pode ser jogado ao mar sob pena de ser considerado traído ou injustiçado. E o outro, Bruno, simplesmente não tem quem queira assumir o seu posto. É com eles, portanto, que Caiado vai seguir em frente, aos trancos e barrancos.