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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 ago

Bateboca com Marconi é erro grave de Caiado, que começou a troca de insultos, não tem nada a ganhar com isso se mostra sem noção do equilíbrio que deveria ter como governador do Estado

A troca de insultos entre o governador Ronaldo Caiado e o seu antecessor Marconi Perillo, com direito a cobertura integral pelo jornal O Popular e o apelo a um vocabulário altamente ofensivo, começou, continua e, se terminar em algum momento nos próximos dias, terá um perdedor certo: o próprio Caiado.

 

Dá um gosto ruim na boca ver um governante se metendo com toda a sua energia em uma altercação pautada pela total falta de racionalidade, a começar pelo momento que Caiado escolheu para iniciar o tiroteio: a missa final da Romaria de Muquém, o que deu a Marconi a oportunidade de afirmar, não sem alguma razão, que o evento religioso teria sido profanado. O mau passo a seguir foi o conteúdo da fala do governador, ao fazer acusações graves a Marconi sem que seja possível comprovar qualquer uma delas. Mesmo respondendo a processos na Justiça, o tucano não pode ser inquinado de “ladrão” ou chamado de “bandido” por um motivo muito simples: não tem condenação transitada em julgado, aliás nem em 1ª instância, não passando réu sob investigação, que pode, no final das contas, concluir pela sua inocência. Não à toa, Marconi ganhou na justiça uma indenização de reparação moral a ser paga pelo ex-governador Alcides Rodrigues e pelo ex-secretário da Fazenda Jorcelino Braga, que o acusaram de ter “quebrado” o Estado. Como não conseguiram provar o que disseram, os dois foram punidos.

 

Agindo dentro dos seus direitos, Marconi deve chamar Caiado aos tribunais para que prove as suas denúncias. É assim que as coisas funcionam no Estado de Direito e em um país civilizado. Só que uma autoridade como Caiado deveria ter noção dessas limitações. Digamos que, em uma campanha eleitoral, ele até poderia ter dito o que disse de Marconi na missa do Muquém, em um palanque qualquer. Mas, como governador, jamais. Isso incomoda a sociedade. Se o governador age assim em relação ao seu predecessor, pode, em tese, fazer o mesmo com qualquer cidadão. Não dá para aceitar e por isso o maior perdedor com esse debate de baixo nível é quem o iniciou, ou seja, Caiado.