Se comparado com o governo Bolsonaro, Caiado (para usar um termo que ele gosta) é “frouxo” quando ao poder de iniciativa para enfrentar problemas e estabelecer uma agenda de reformas
Os dois começaram seus mandatos no mesmo dia, herdando de seus antecessores estruturas administrativas desequilibradas quanto ao seu aspecto financeiro e sob pressão de realizar o mais rápido possível as mudanças que prometeram na campanha eleitoral e que convenceram a população a sufragar os seus nomes. Mas, passados oito meses, as diferenças de ritmo e estilo entre e outro tornaram-se abismais: enquanto o presidente Jair Bolsonaro tem uma agenda clara e definida, parte da qual já está implantando, o governador Ronaldo Caiado patina no mesmo pântano onde pôs os pés em 1º de janeiro, sem sair do lugar.
Não é exagero, leitora e leitor. Bolsonaro acelera, Caiado continua em ponto morto. O capitão, por exemplo, já privatizou oito estatais e acaba de anunciar uma lista com mais 15 para vender à iniciativa privada, incluindo portentos como os Correios, a Eletrobrás e até a Casa da Moeda. Em alguns casos, neste ano ainda. Caiado, além de não ter se desfeito até agora de nenhum ativo, mesmo os que dão prejuízos ao Estado, como a Metrobus e a Iquego, não tem data marcada nem prazo para qualquer privatização, nem da Saneago, que vale muito dinheiro e pode ser leiloada por uma pequena fortuna ou então ter parte das suas ações disponibilizadas no mercado.
Bolsonaro praticamente já resolveu o principal problema fiscal do país, que é o rombo da previdência. A sua reforma está nos trâmites finais no Senado e não há dúvidas de que será aprovada até no máximo início de outubro. Goiás também precisa de uma, já que o governo goiano torra R$ 200 milhões, a descoberto, todos os meses, com a aposentadoria dos seus servidores. Quando Caiado vai atacar de frente essa adversidade? Ninguém sabe. Diz-se que um consultor estaria sendo contratado para redigir um projeto de reforma de previdência para Goiás. Mas… apenas diz-se. Não há informações mais concretas a respeito.
Um terceiro desafio que exige a atenção de Caiado, até agora sem resposta, está nas modificações que se impõem para eliminar, ao menos, os exageros da política vigente de incentivos fiscais. Esse pepino não existe para Bolsonaro, já que a política tributária da União é muito mais dura e ajustada que a dos Estados. De qualquer forma, o governador não se mexeu, apesar da pregação quase que diária da sua secretária da Economia, Cristiane Schmidt, garantindo que essa estratégia – os incentivos fiscais – já está esgotada em Goiás e não produz mais resultados para a população. Por ora, fica tudo como era, ou seja, o que existia nos governos passados como privilégios para as grandes empresas do Estado, está mantido por Caiado.
Conclusão: Caiado, para usar um termo a que ele mesmo recorreu nesta semana, faz uma gestão “frouxa”, que não mostra a coragem necessária para assumir os desgastes que são inescapáveis quando um governante precisa cortar direitos, diminuir gastos, livrar-se de empresas públicas ineficientes ou não e alterar parâmetros que funcionavam no passado, porém não servem mais para a atualidade. Bolsonaro, ao contrário, tem peito e está fazendo tudo isso, goste-se ou não do presidente, inclusive colocando em discussão a sua controvertida pauta de costumes. O que é que se tem em Goiás, parecido? Nada. O mês de agosto já está indo embora e parece que, em Goiás, ainda estamos em janeiro. Ou até antes, em setembro, época da campanha eleitoral, a se levar em conta o assombroso bateboca em que o governador está empenhado com o seu antecessor Marconi Perillo. Tudo isso é muito ruim.