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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 set

Caiado flexibiliza sua postura, afasta a primeira dama do governo e mostra avanços, finalmente. Só falta parar de falar em Regime de Recuperação Fiscal e fazer o dever de casa aqui mesmo

Dá para notar uma mudança no perfil do governador Ronaldo Caiado, que, após oito meses de mandato, começa a dar sinais de que pode encontrar um caminho para a sua administração. Entre julho e agosto, ele tornou-se mais afável e, digamos assim, carinhoso com os deputados da sua base na Assembleia, afastou a influência da primeira dama Gracinha sobre o governo – inclusive a presença física, já que ela desapareceu – e começou a achar soluções caseiras para a crise financeira do Estado, como o projeto que está na Assembleia liberando o acesso do Executivo a R$ 1,8 bilhão dos depósitos judiciais.

 

Nesse período, o único escorregão foi o infeliz debate, em baixíssimo nível, com o ex-governador Marconi Perillo, que parece – felizmente – superado. Sem Gracinha opressivamente ao seu lado, como sempre aconteceu desde que tomou posse, Caiado passou a aparecer afirmativamente sozinho em solenidades e também a receber assim deputados e lideranças no Palácio das Esmeraldas. Não há dúvidas de que surgiu um clima de distensão em volta do governador, apesar de ainda restar o repetitivo discurso da calamidade financeira.

 

Mesmo assim, há avanços. O eleitorado deu um voto de confiança para Caiado nas urnas para que resolvesse os principais desafios do Estado e não para ficar infrutiferamente à espera de socorro de Brasília. Medidas como o acesso aos depósitos judiciais e a elaboração de um projeto de reforma da previdência – encomendado a um economista do Rio de Janeiro, Paulo Tafner, amigo da secretária da Economia Cristiane Schmidt – são passos significativos para debelar o rombo fiscal. São providências que estão ao alcance do poder de decisão do governador. Já o Regime de Recuperação Fiscal, a que ele vive se referindo, não. Depende das autoridades econômicas federais. Isso causa insegurança em Goiás. A falta de consenso sobre a necessidade e as vantagens do RRF também.

 

A finalização do pagamento da folha de dezembro, em julho, foi um marco. Trouxe uma descompressão geral. Um bode preto que foi tirado da sala. O próprio Caiado respirou aliviado, conforme suas próprias palavras. Na prática, foi como se o seu governo realmente estivesse começando, livre das amarradas herdadas do passado e das suas próprias incertezas iniciais. Um salto que agora precisa ser seguido de outros.