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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 set

Mudança na essência do governo Caiado, com o afastamento da primeira dama e com o governador mais sensível aos políticos, levou finalmente a uma vitória esmagadora na Assembleia

“Alívio: foi grande a comemoração pela aprovação da PEC da Educação no Palácio das Esmeraldas. Governistas avaliam que foi a primeira demonstração clara de consolidação da base governista na Assembleia. O governador Ronaldo Caiado pegou o telefone e ligou para cada um dos 30 deputados que foram favoráveis “.

 

Esta pequena nota, na coluna Giro desta quarta, 11 de setembro, resumiu a mudança de clima dentro do governo do Estado, depois que a primeira dama Gracinha foi afastada das decisões do marido e este, por sua vez, mudou o comportamento em relação à classe política – de governador que sequer telefonava para cumprimentar deputados pelo aniversário a um que liga para humildemente agradecer votos na Assembleia.

 

Pelo resultado da votação da PEC que reduziu os recursos constitucionais para a Educação em Goiás, vê-se que finalmente está se constituindo uma base sólida de apoio a Caiado entre os parlamentares estaduais. Não foi trabalho do articulador oficial e secretário de Governo Ernesto Roller, que às vezes mais atrapalha que ajuda, nem de ninguém, a não ser o próprio governador. Digamos que ele, a partir de meados de julho, quando Gracinha  foi para São Paulo e não mais voltou, tenha se tornado mais “humano” e mais flexível principalmente com os deputados – que agora assedia, agrada e mantém contato estreito, inclusive face a face através de seguidas audiências no palácio. Caiado passou a deixar claro que, sim, precisa do apoio dos políticos, que isso é importante para viabilizar o seu governo e que, em alguma medida, já é e saberá ser ainda mais grato a eles.

 

Diz-se que Gracinha defendia um certo rigor no comportamento de Caiado, eleito, na visão dela, com a missão de implantar a “nova política” em Goiás. É óbvio que ele, inicialmente, acreditou nessa predestinação – e está aí a composição do seu secretariado, majoritariamente formado com talentos medianos trazidos de fora com a intenção óbvia de sinalizar à classe política estadual que não se confiança nela. Por escolher esse caminho, o governador tomou uma derrota histórica na eleição para a presidência da Assembleia, a primeira do Executivo em mais de 60 anos. E mesmo assim, pelo menos nos meses iniciais do governo, mostrou que não aprendeu. Gracinha, na verdade, foi uma vítima do próprio voluntarismo, da inexperiência e talvez do machismo inerente a um mundo que, em Goiás, ainda é predominantemente de homens, o da política.

 

A legião estrangeira do secretariado continua e vai continuar aí. Mas passa a caminhar sobre brasas. Ou mostra serviço ou será a vez dos indicados pelos políticos. É uma dedução lógica. Caiado desceu do pedestal para dialogar pessoalmente com os deputados, adular, pedir e agradecer. Ele não fazia isso e tropeçava diariamente na Assembleia. Passou a fazer e no primeiro teste colheu os louros, mesmo com o recado enviado pelo presidente Lissauer Vieira de que ainda a PEC da Educação ainda deve passar pela segunda votação e que, portanto, comemorações talvez sejam ainda inoportunas.