Lúcia Vânia no governo Caiado não é movimento de rotina e tem significados internos e externos, até mesmo para a oposição, que está em contínuo processo de enfraquecimento em Goiás
Se não chegou a ser uma grande novidade, a entronização da ex-senadora Lúcia Vânia como secretária de Desenvolvimento Social é repleta de significados e mexe com a totalidade da política estadual, desde as relações com a Assembleia, as perspectivas da oposição, as eleições municipais do ano que vem e o sucesso do reposicionamento a que o governador Ronaldo Caiado vem se propondo desde a segunda quinzena de julho. Como escreveu o jornalista Nilson Gomes no Jornal Opção online: “Não se trata de uma adesão. Não é uma conquista qualquer. Não foi fruto de articulação. Está se assistindo ao movimento histórico aguardado há um quarto de século: a união entre dois ramos da política moldados pela vontade popular”.
É, sim, um passo e tanto de Caiado. Ele e Lúcia Vânia têm boa convivência, decorrente dos quatro anos que passaram sentados lado a lado no plenário do Senado. Além disso, a nova secretária também preenche requisitos técnicos, pela especialidade que tem na área social, até mesmo por ter ocupado por anos a Secretaria de Assistência Social do governo federal e, nos seus mandatos legislativos, ter desenvolvido uma atuação marcante na área. Não é, portanto, um arranjo politiqueiro de ocasião.
Houve reclamações na Assembleia. Não da oposição, que preferiu apenas manifestar surpresa e evitou críticas. Deputados da base governista chiaram, mais por ciúme do que por alguma racionalidade. Lúcia Vânia, na campanha passada, teve a chance de integrar a chapa de Caiado, mas preferiu a suposta vantagem da estrutura de governo e alinhou-se com o fracasso anunciado das candidaturas de Zé Eliton a governador e Marconi Perillo a senador, acabou contaminada e acabou em quarto lugar, atrás até de Wilder Morais. Não apenas perdeu, mas tomou uma lição.
Para o governo, deveriam entender os deputados, Lúcia Vânia contribui tanto política quanto administrativamente. Mais que qualquer outra coisa, sua posse na Secretaria de Desenvolvimento Social é a pá de cal no ciclo de poder dos últimos 20 anos, já enterrado – e bem fundo – pela vitória esmagadora de Caiado nas eleições de 2018. Ela, que integrou esse ciclo, despediu-se emblematicamente dele e adequou-se a uma nova realidade que os tucanos gostariam que durasse pouco, mas parece destinada a uma longa permanência. A ex-senadora meio que simboliza, neste momento, a falta de esperanças cada vez maior quanto ao retorno de um passado que vai se tornando longínquo.