Levantamento do governo Caiado aponta 800 mil famílias em situação de vulnerabilidade em Goiás: os programas sociais do Tempo Novo, cantados em prosa e verso, serviram então para quê?
A área social do governo do Estado acaba de divulgar um levantamento que aponta a existência de 800 mil famílias em situação de vulnerabilidade em Goiás. São pessoas, em grande número, que vivem na marginalidade econômica e enfrentam a exclusão social. É grave, gravíssimo. Envergonha a todos. Mas, como é uma coisas dessa acontece depois de 20 anos em que o Tempo Novo do ex-governador Marconi Perillo cantou em prosa e verso a excelência dos seus programas sociais e o fim da miséria e da pobreza aguda no território goiano?
Ora, esse elevado contingente de famílias afastadas dos benefícios da civilização, que é, em última, como pode ser definida a vida que levam, é um atestado de que esses programas sociais fracassaram. Não atingiram seus objetivos ou, se o fizeram, chegaram a resultados apenas parciais. Nos governos passados, houve Renda Cidadã, Cheque Moradia, programa de pão e leite, Bolsa Futuro, Bolsa Escola e muito mais, até uma Bolsa Universitária que travestiu a ajuda a universitários carentes em garantia de sobrevivência para as faculdades particulares em Goiás. Tudo isso, pelo que se vê agora, não deu certo. E pesa na consciência pelas fortunas que foram gastas, em dinheiro público, sem consequência real.
Desde a sua posse, o governador Ronaldo Caiado tem se mostrado incomodado e até hesitante quanto a mexer com a política social herdada dos seus antecessores. É compreensível. Ele provavelmente não quis cortar nada ou introduzir mudanças drásticas antes de um diagnóstico preciso, que, ao que tudo indica, finalmente chegou. De um modo geral, as coisas foram mantidas como estavam, evitando prejuízos para os beneficiados – embora em um contexto não resolutivo, como indica a descoberta das 800 mil famílias vulneráveis. Porém, não dá mais. A presença da ex-senadora Lúcia Vânia na Secretaria de Desenvolvimento Social pode ser o marco da necessária reconfiguração dos programas sociais. Diz-se que ela entende do assunto. Já completou um mês no cargo. É tempo suficiente para tomar pé e dizer logo a que veio. Quem precisa, tem pressa, como diz, corretamente, a primeira dama Gracinha Caiado.