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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

08 nov

Novos escândalos de corrupção – e a promessa do delegado geral da Polícia Civil de que vem mais por aí – fulminam as já poucas esperanças de ressurreição de Marconi

Mostrando que, de fato, está atolado até o pescoço na sua defesa diante das quase duas dezenas de ações criminais e cíveis a que responde na Justiça, envolvendo desde o recebimento de propinas até atos de improbidade administrativa, o ex-governador Marconi Perillo esteve em Goiânia para passar quatro horas perante um juiz que faz a instrução de um desses processos (uso de recursos públicos na campanha para o senado em 2006, aliás vitoriosa).

É um pequeno acontecimento, mas que dá a dimensão do calvário enfrentado por Marconi e pelos aliados que ainda restam. Apesar de ter passado pelo constrangimento da audiência judicial sem chamar a atenção de repórteres e fotógrafos, a não ser depois de consumada, o noticiário foi intenso e registrou até uma perspectiva preocupante para o ex-governador: o outro réu na mesma denúncia, o ex-governador Alcides Rodrigues, já foi condenado em separado a 10 anos de prisão, sentença que, no momento, encontra-se em grau de apelação em 2ª instância. Por irresistível analogia, é o que vai acontecer com Marconi.

Tudo isso significa que o caminho para que ele volte um dia ao cenário principal da política estadual ou nacional, posição que já ocupou, continua cada vez obstaculizado. As pesquisas que alavancam a aprovação do governador Ronaldo Caiado, hoje com 67% de viés positivo, índice superior ao que conquistou nas urnas do ano passado, têm uma relação direta com a identificação do tucano com decisões erradas e irregularidades grossas. Ou seja: a imagem de Caiado, já historicamente associada com a moralidade e a intransigência com os malfeitos, é diretamente beneficiada na proporção em que a de Marconi não cessa de crescer como sinônimo de má condução administrativa e tolerância, senão envolvimento, com práticas ilícitas – pelo menos como crê o imaginário popular.

Nas condições sociais e políticas do país, hoje, ninguém volta depois de cair em um abismo tão profundo. A situação de Marconi, como já observado aqui, é muito diferente da de Iris Rezende na quase queda de 1998/1999, da qual, ainda que circunscrito a Goiânia, ressurgiu com força e plenitude. E acrescentem-se os efeitos dos erros de estratégia e de comportamento do tucano mor, que arrastam o seu partido e os sobreviventes para o mesmo buraco em que ele está. Não nenhum projeto, nenhuma proposta de futuro. E, sendo assim, as coisas só vão piorar.