Oposição a Caiado é fraca porque não tem liderança e se resume a crítica superficial e baseada em adjetivos, não em propostas alternativas ou discussão racional sobre os projetos do governo
A oposição ao governador Ronaldo Caiado é a mais fraca que um chefe de Executivo já enfrentou, possivelmente em toda a história recente de Goiás. Nem mesmo Iris Rezende ou Marconi Perillo, em seus dias de fastígio no poder, quando eram tratados como semideuses, contaram com uma situação política tão favorável como a que hoje beneficia Caiado.
Mas esse é um fenômeno fácil de entender. Primeira, falta liderança à oposição. Pelo lado dos partidos de esquerda, tipo PT ou PSB, o que se tem são nomes preocupados com a própria sobrevivência política, como Adriana Accorsi, Elias Vaz e Antônio Gomide – todos focados na eleição municipal do ano que vem, em que serão candidatos a prefeito (os dois primeiros em Goiânia e o terceiro em Anápolis), em consequência sem tempo e sem vontade para enfrentar o governo do Estado. Quanto ao resto, resume-se ao PSDB, partido que teve um vigor inacreditável nos últimos 20 anos no Estado, crescendo e se fortalecendo sem parar, mas que, com a desastrosa derrota nas urnas no ano passado, virou um trapo, politicamente falando.
Quem deveria falar alto pela oposição seria o ex-governador Marconi Perillo, mas… ele nem em Goiás mora, tendo se transferido para São Paulo para cuidar, como dizem seus amigos, da sua defesa nos mais de 15 processos judiciais a que responde, alguns pesadíssimos. O tucano sequer tem coragem para comparecer aos encontros regionais promovidos pelo presidente estadual ado PSDB Jânio Darrot nos municípios, aliás esvaziados e se assemelhando a cerimônias fúnebres. Marconi não vai. O seu vice durante anos e anos e sucessor tampão por nove meses em 2018, Zé Eliton, também não dá a cara. Há dois meses, deu uma entrevista a O Popular que não teve a menor repercussão, com uma pobreza de conceitos tão flagrante que foi olimpicamente ignorada pelos agentes governistas. Não foi preciso dar resposta.
Há ausência de atores de peso para a oposição, portanto. Deputados como Talles Barreto, Lêda Borges e Gustavo Sebba tentam fazer algum barulho na Assembleia, mas sem repercussão. Não chegam a ser protagonistas menores do embate político, mas também passam longe de ocupar lugares de destaque. Não têm tamanho, ainda, para liderar o combate a Caiado, apesar de se esforçarem.
Sem nomes de expressão nos postos avançados, a oposição ainda padece da carência de conteúdo. A crítica que se faz a Caiado é infantil. Alguns atos do seu governo são classificados como “maldades”. Outros alvo apenas de deboche. Alguém pode achar engraçado, mas isso não constrói. Não há aprofundamento nas avaliações e daí, para além do piadismo de terceira categoria e das fake news, pouca coisa resta. O que rareia é uma análise de fundo, na qual se apresentem propostas e alternativas para o governo – e isso, partindo de quem passou duas décadas no poder, como os tucanos, deveria ser fácil. Só que eles não conseguem, tragados pela preferência que dão ao ataque agressivo e calunioso contra Caiado, esquecendo-se da sua monumental blindagem contra esse tipo de investida – resultado da votação espetacular que recebeu nas urnas de 2018.