Fim de ano do governo Caiado é bem diferente – e melhor – que o início e dá consistência ao inadiável projeto de reorganização administrativa e financeira do Estado
Ninguém, nem mesmo os adversários mais ferrenhos, pode negar que o fim do primeiro ano do governador Ronaldo Caiado se dá em meio a uma realidade bem diferente – e indiscutivelmente melhor – que aquela em que a atual gestão deu seus passos iniciais, a partir de janeiro passado. Caiado demorou, mas colocou as suas cartas na mesa, assumindo de peito aberto um inadiável e necessário projeto de reorganização administrativa e financeira do Estado, depois de 20 anos (ou mais) de prevalência do modelo de desequilíbrio entre receita e despesa e de improvisação das decisões sem planejamento ou concatenação.
O pacotaço de matérias que o Palácio das Esmeraldas mandou para a Assembleia mexe com os pontos mais fundamentais do setor público em Goiás e a verdade é que deixou os deputados perplexos e sem reação, dada a sua profundidade e efeitos revolucionários para setores que consomem a maior parte dos recursos estaduais, como o funcionalismo e a política de incentivos fiscais para os grandes empresários. É fato: poucas vezes questões tão importantes estiveram nas mãos dos nossos 41 parlamentares, sendo algumas de difícil compreensão para a maioria deles.
São vespeiros com os quais, até hoje, ninguém se atreveu a mexer. Os antigos governos do PMDB não chegaram nem perto. Os do PSDB até que mostraram vontade, mas não avançaram, provavelmente sob o peso do compromisso que Marconi Perillo gostava de alegar com os servidores estaduais e a influência do tratamento dourado que recebia dos maiores industriais do Estado, que o tratavam como um semideus e chegaram a ousar com uma homenagem a ele logo após os evento policiais que antecederam a sua derrota nas urnas em 2018. Pelo sim, pelo menos, não houve nada de significativo quanto a pelo menos um ensaio de reforma na legislação estadual face aos exagerados direitos do funcionalismo e aos não menos exagerados benefícios tributários distribuídos com o objetivo de inflar a economia regional.
A missão ficou para Caiado, credenciado pela votação espetacular que recebeu nas urnas e pelo seu histórico de ficha limpíssima. E ele, neste final de ano, a está encarando de frente. É isso que dará ao governador uma dimensão histórica diferenciada: um mandato focado na reestruturação do Estado, com a volta da estabilidade fiscal perdida e da eficiência e maior racionalidade da máquina administrativa. Caso seja bem sucedido, superando os obstáculos que poderão ser colocados pela Assembleia, Caiado, como já se registro neste blog, justifica plenamente o seu mandato, sem precisão de obras físicas de repercussão – que ele, mesmo todas as dificuldades com que se depara, está começando também a programar (a primeira policlínica no interior, uma das promessas principais da sua campanha, será inaugurada em fevereiro).