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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 fev

Major Araújo, Alysson Lima, Virmondes Cruvinel, Francisco Jr., Talles Barreto e até Vanderlan Cardoso, candidatos que já apresentaram “ideias” para Goiânia: perdoai-os, porque nao sabem o que falam

O ex-apresentador de noticiários da TV Anhanguera Jackson Abrão tem prestado um bom serviço ao eleitorado goianiense: ele está entrevistando, em vídeos de 20 minutos, alguns políticos que corajosamente se autointitulam postulantes à prefeitura da capital, tentam formular alguma crítica à gestão de Iris Rezende e, com certa falta de responsabilidade, apresentam o que chamam de “ideias” para o futuro de uma cidade que começa a ensaiar seus passos como uma das 10 metrópoles brasileiras.

Recorrendo ao espírito da Semana Santa que se avizinha, esses pré-candidatos precisam ser perdoados, pois não sabem o que falam, adaptando o que disse Jesus dos seus executores. Jackson Abrão já ouviu Major Araújo, Alysson Lima, Virmondes Cruvinel, Francisco Jr., Thales Barreto e até Vanderlan Cardoso, um senador, mas nenhum conseguiu alinhar um raciocínio à altura de representar alguma proposta condizente com que se espera de alguém que se acha em condição de assumir uma tarefa tão hercúlea como a de administrar Goiânia.

Uns acham que os bairros estão abandonados, mas não definem o que fazer para resolver esse problema, se é que existe. Outros recorrem a expressões high-tech para sugerir que estariam aptos a promover fantasias modernizantes como criar uma “cidade digital” ou hubs para disseminar a inovação, abstrações que não sabem explicar e nem qualquer pessoa entende. Há o maluco que quer construir um metrô, ao custo de bilhões que não se tem noção sobre onde seriam buscados, desafiando a lógica histórica que não aponta nenhum centro urbano do tamanho de Goiânia com uma comodidade desse tamanho para a sua mobilidade. Outro quer levar a prefeitura a priorizar o social e passar a cuidar de famílias carentes que já recebem a atenção do governo do Estado e do governo federal. Um a mais quer criar incentivos fiscais para atrair empresas, uma estratégia envelhecida e superada e pior ainda sem sentido em termos de impostos municipais – quem é que estaria interessado em trazer sua indústria para Goiânia em troca de isenção de IPTU ou descontos no ISS, que, de resto, são praticamente proibidos pela legislação ao exigir compensações para a renúncia de arrecadação.

As entrevistas de Jackson Abrão mostram exatamente o que vocês, leitora e leitor moradores da capital, não precisam. O que é necessário é o que Iris Rezende está garantindo hoje: gerenciamento físico e operacional da cidade, com ruas limpas, obras para suportar o seu crescimento (como os viadutos, que toda essa gente condena, mas que existem em todo o mundo e, venhamos e convenhamos, sempre melhoram a fluidez do tráfego), a prefeitura sem rombos, seus funcionários recebendo em dia e serviços corretamente prestados. Quem é que sente falta de uma “cidade digital” ou de um metrô que nem em sonhos loucos seria possível construir?

Em comum, todos os pré-candidatos a prefeito têm a falta absoluta de experiência, talvez com exceção de Vanderlan Cardoso, que, no entanto, administrou Senador Canedo, infinitesimal diante de Goiânia, o que não acrescenta grande coisa ao seu perfil, já que, a exemplo de todos os outros que se propõem a enfrentar Iris, também não consegue enviesar de forma clara uma visão administrativa em condições de justificar a sua ascensão ao comando do Paço Municipal. De resto, há uma completa ausência de consciência sobre o que estará em jogo na próxima eleição para prefeito da capital: não serão “propostas” que irão convencer a eleitora e o eleitor goianiense a votar nesse ou naquele candidato, mas a sensação difusa de que um ou outro podem representar que um caminho seguro estará sendo escolhido para não afetar a sua autoestima e ao mesmo proporcionar segurança quanto a gestão dos problemas urbanos. Em suma: um modelo que foi gerado por Iris e do qual, evidentemente, ele é a melhor manifestação. Por enquanto, não há sentido algum em preferir outro nome, situação que o falatório inconsequente dessa pleiâde de pretendentes e toda a sua inconsequência, atrás de visibilidade a qualquer preço, justifica cada vez mais.