Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 mar

Omissão da prefeitura de Goiânia na crise do coronavírus não está só na recusa a adiar ou renegociar os impostos municipais, mas também em largar os recolhedores de lixo à própria sorte

Para o prefeito Iris Rezende, as suas responsabilidades quanto a enfrentar a pandemia do coronavírus resume-se a duas platitudes: uma, assegurar às goianienses e aos goianienses que a capital é uma cidade “protegida por Deus” e, outra, assinar decretos inócuos de calamidade pública, que não foram seguidos pela complementação adequada quanto a medidas de prevenção coletiva – e por isso foram questionados pelo Ministério Público Estadual, corretamente, que foi à Justiça exigir que Iris adote soluções emergenciais de higiene e desinfecção em locais públicos e também em ruas e logradouros frequentados por moradores de rura.

Não, leitora e leitor, Iris não está fazendo nada para minimizar os efeitos deletérios da onda que está trazendo a nova doença para Goiânia. Seu secretário de Finanças, Alessandro Melo da Silva, ou mentiu há um mês atrás quando disse entre aspas que a situação fiscal da prefeitura era uma das melhores do país ou está mentindo agora na nota oficial que soltou para jurar que nenhum alívio pode ser concedido aos contribuintes do IPTU e do ISS, por falta absoluta de condições da caixa da municipalidade. Em meio a uma situação social que beira o desespero, o prefeito visita obras para prometer que, sim, todas serão inauguradas até o final do ano, graças a uma disponibilidade de recursos que alcançaria – segundo o mesmo secretário Alessandro Melo da Silva – cerca de R$ 1 bilhão e 400 milhões, guardados nas contas do Paço Municipal.

Afrontosamente, áulicos de Iris, como o seu auxiliar Agenor Mariano, ainda têm a cara lavada de aparecer nos jornais propondo que, justamente em razão da pandemia, o mandato do atual prefeito deveria ser prorrogado por mais dois anos. Ora, pela falta de ação, pela displicência, pela indiferença e pela negligência que a prefeitura está mostrando, talvez fosse o caso até de encurtar o tal mandato. Nem o minimamente básico está sendo feito. Testemunhem vocês próprios, leitoras e leitores: os recolhedores de lixo estão nas ruas manuseando o equipamento mais tóxico que existe em Goiânia, hoje, sem a proteção adequada. Os caminhões e trabalhadores circulam pelas ruas sem dispor sequer  de álcool gel ou qualquer outro desinfentante, a não ser os seus equipamentos tradicionais – que vão se contaminando a cada saco ou volume de rejeitos tocados. É um crime. A Comurg responde informando absurdamente que, na saída e na chegada, há desinfentantes disponíveis para os lixeiros. É caso de polícia, na presente situação de emergência sanitária.