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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 abr

Vejam essa foto, leitora e leitor: ela atesta o alheamento e a insensibilidade de Iris, preocupado com obras enquanto a população padece com a crise e ele nega qualquer solidariedade

A foto acima foi publicada agora há pouco pelo portal online de O Popular. Mostra o prefeito Iris Rezende, em plena emergência provocada pela pandemia do coronavírus, vistoriando obras em Goiânia que nada têm a acrescentar  para o tipo de socorro que a população, especialmente a mais desfavorecida, demanda neste momento de agruras e sofrimento. Não é coincidência que ele apareça solitário na foto, longe de tudo e de todos – como que simbolizando o seu distanciamento deliberado das necessidades coletivas e a imersão em um mundo de fantasia, sem conexão com a realidade das goianienses e dos goianienses.

Até agora, com mais de mês da chegada da nova doença, o que Iris fez? Nada. Nada mesmo. Irresponsavelmente, assegurou que Goiânia “é uma cidade protegida por Deus”, em um instante em que Deus deve ter outras prioridades a atender. Em seguida, mandou seu secretário de Finanças avisar que não se pode fazer nada para aliviar as obrigações tributárias dos contribuintes sejam pessoas físicas sejam pessoas jurídicas da capital. Assinou um inócuo decreto de calamidade pública, instalou uma central telefônica para dar informações sobre o coronavírus e publicou um anúncio mandando a população lavar as mãos para se livrar do contágio. Mas quem lavou as mãos foi ele. Nem um único centavo da prefeitura, que há um mês atrás se gabava da sua “condição fiscal melhor que que a maioria das capitais”, foi comprometido com ações efetivas de combate à Covid-19, sejam sanitárias, sejam econômicas, sejam de apoio social.

Não há nada de concreto ou importante ou significativo que a prefeitura de Iris tenha feito pelos munícipes (que palavra!) até agora. É até interessante notar que ele tem praticamente 60 anos de vida pública sem que tenha sido testado em uma situação de catástrofe social ou econômica. Essa é a sua primeira vez e ele caminha para sair menor do que entrou. Manter o cronograma de obras, em detrimento do fator humano e da solidariedade social, é um caminho errado e até cruel ou característico da falta de compaixão. Viadutos não resolvem nada. Enquanto cidades da Grande Goiânia, como Trindade e Aparecida, já amenizaram as obrigações tributárias das suas cidadãs e cidadãos e adotaram programas para apoiar as faixas mais carentes da população, o Paço Municipal segue fingindo que está tudo bem e deixa todos ao léu.