Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

15 abr

Iris consolida sua insensibilidade e omissão diante da emergência social e econômica do coronavírus com a desumana demissão de 3.100 trabalhadores de baixos salários da prefeitura

Completamente omisso e insensível diante dos efeitos sociais e econômicos da chegada do novo coronavírus a Goiânia, recusando-se a oferecer qualquer alívio para quem tem impostos a saldar com o município ou devolvendo as crianças dos CMEIs às suas casas sem a garantia da merenda escolar que recebiam ou ainda ao colocar para trabalhar um exército de funcionários desprovidos da proteção adequada – principalmente nas áreas de saúde e de recolhimento de lixo, o prefeito Iris Rezende acaba de completar a sua ausência de espírito solidário e humanitário com a demissão sumária de 3.100 servidores temporários (aqueles que já são penalizados com salários baixíssimos e nenhum direito trabalhista).

Nos postos de saúde e nos caminhões da Comurg, não há equipamentos de salvaguarda sanitária, como máscaras descartáveis para todos ou álcool gel à vontade (aliás, deveriam usar proteção facial à base de filtros pesados, já que lidam com o material mais tóxico das ruas). É um crime. Lixeiros só recebem produtos para desinfetar as mãos quando batem o ponto, de manhã e à tarde. Fora daí, têm que se virar. E há poucos dias, o jornal O Hoje publicou um amplo levantamento realizado pelos seus jornalistas nos postos de saúde de Goiânia, comprovando não haver disponibilidade de insumos essenciais como como luvas, máscaras e aventais – que, conforme constatou o sindicato dos atendentes, estão sendo racionados, sem falar que não existe nenhuma estratégia de desinfecção ou controle sanitário desses ambientes. Nenhuma.

Enquanto prefeituras importantes do Entorno de Goiânia, como Aparecida, Anápolis e Trindade, já adiaram o pagamento do IPTU e do ISS e até estenderam o prazo para descontos, Iris endureceu e não abriu mão de nada. Inventou, de repente, que o Paço Municipal vive a iminência de um colapso financeiro, quando, um ou dois mês atrás, a boa situação fiscal da prefeitura era cantada em prosa e verso como “uma das melhores dentre as capitais brasileiras”. Isso, de repente, sumiu no ar. No lugar, entrou um discurso de dificuldades de caixa que não bate com a informação de que Goiânia teria hoje um saldo bancário de quase R$ 1 bilhão de reais, talvez mais. Ninguém sabe a verdade.

A demissão dos 3.100 temporários é um ato desumano pela inoportunidade do momento, quando, ao contrário de Iris, os governantes procuram fórmulas para socorrer setores desassistidos da população, inclusive gerando renda  provisória ou distribuindo cestas básicas e outros itens de necessidade – coisa que a prefeitura da capital não está providenciando nem mesmo para a faixa mais desfavorecida das goianienses e dos goianienses, que são os moradores de rua. Mas o pior é a sucessão de inconsistências nas justificativas esfarrapadas que Iris e sua equipe estão dando, ao esconder que o governo federal já está aportando recursos ao caixa dos municípios, seja pela suspensão do pagamento das suas dívidas seja pelo adicional que foi acrescentado ao FPM (que começou a ser pago em abril) seja pelas compensação das perdas de arrecadação em fase de finalização entre o Congresso e o Executivo.

Isso significa que, no final das contas, Iris vai acabar forrando as burras da prefeitura com o apoio que está e vai continuar entrando para ajudar no enfrentamento da pandemia, porém sem adotar nenhuma medida de amparo às cidadãs e cidadãos de Goiânia, isto é, sem custos adicionais para o dia a dia da administração. Dentro do mesmo viés que permite considerar a presença de um médico preparado como Ronaldo Caiado à testa do governo do Estado, em um instante de calamidade sanitária, como um trunfo para Goiás, foi falta de sorte que a tragédia da Covid-19 tenha se abatido sobre os moradores da capital tendo como prefeito um gestor emperdenido e frio como Iris no Paço Municipal.