Investigação aberta pelo Supremo Tribunal Federal sobre manifestações antidemocráticas pode chegar a um deputado federal goiano e acabar em tragédia política
A investigação aberta pelo Supremo Tribunal Federal, atendendo a pedido da Procuradoria Geral da República, sobre as manifestações pela volta do regime militar e do AI-5, que culminaram com um discurso do presidente Jair Bolsonaro a uma multidão em frente ao QG do Exército em Brasília, subiu para a primeira ordem de grandeza entre as preocupações da classe política e ameaça com desdobramento imprevisíveis – que podem beirar ou configurar uma tragédia, pelo menos para os envolvidos ou os que estiveram por trás do movimento.
O inquérito do STF corre sob sigilo de Justiça. Há notícias sobre o comprometimento de deputados federais com as manifestações. Inicialmente, falou-se em três. Depois, em 11. Em, finalmente, o total subiu para 25, exatamente o número de parlamentares que assinou uma esperta nota de repúdio, ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro, negando qualquer participação, mas defendendo os atos como expressão da liberdade de pensamento, assegurada pela Constituição.
Há um deputado federal goiano nesse balaio. É o major Vítor Hugo, que a falta de nexo da articulação política do bolsonarismo transformou em líder do governo na Câmara Federal, mesmo sem possuir condições intelectuais ou experiência parlamentar para a função, o que acabou o transformando em figura exótica e sem respeito ou importância dentro do Congresso. O major tem o hábito de macaquear tudo o que o presidente diz e faz. Da mesma forma, é submisso aos dois filhos de Bolsonaro que atuam em Brasília, o senador Flávio e o deputado Eduardo. Todos enrolados com a divulgação de fake news, em apuração por uma CPI, e suspeitos de incentivar, de uma forma ou de outra, talvez mais de outra (financiamento) as manifestações saudosistas, porém declaradamente ilegais. Não à toa, Vitor Hugo assinou a nota preventiva dos 25 deputados federais que claramente tentaram colocar uma vacina diante dos dissabores prenunciados no horizonte, o que também está sendo visto como uma espécie de antecipação de culpa.
Cassações de mandato ou mesmo um impeachment podem vir como consequência das investigações em curso na Suprema Corte. Seria o preço a ser cobrado pela irresponsabilidade e falta de rumo que tomou conta do poder central e o bando de despreparados, Major Vitor Hugo incluso, que o cerca. Brasília, tudo isso e mais ainda com a demissão do ministro Sérgio Moro, entrou em ebulição.