“Cidade digital”, “tecnologia”, “modernização” e “internacionalização”: essas expressões estarão na campanha em Goiânia, repetidas por candidados que não têm a menor noção sobre o que significam
A campanha em Goiânia começou oficialmente, digamos assim, com o lançamento da candidatura de Maguito Vilela, representando o MDB. Ele fez um discurso em que resumiu tudo que os demais postulantes vêm papagaiando, lançando mão com fartura de termos como “cidade digital”, “tecnologia”, “modernização”, “internacionalização”, “inovação” e vocábulos afins, que passam a impressão de contemporaneidade e novidade, mas a verdade é que nem Maguito nem os demais candidatos que estão a usar essas palavras sabem, de fato, o que elas significam.
Um primeiro uso, todos já perceberam, é expor a administração de Iris Rezende, uma das mais prolíficas da sua história política e também de todos os tempos na capital, como arcaica e ultrapassada. Sem atacar diretamente Iris, denuncia-se a sua gestão como focada excessivamente em obras e centrada numa visão antiga, quando tudo estava por fazer, mas que hoje não atenderia às necessidades básicas da população em termos de ações públicas. O prefeito, por enquanto, é a maior vítima dessa enxurrada verbal dos candidatos em busca de uma imagem de atualidade e mudança revolucionária, mesmo porque é um homem de idade avançada e no qual fica fácil pregar a pecha de anacrônico (uma vez que, tendo tomado a decisão equivocada de não disputar a eleição, acabou sem tribuna para se defender).
Fora daí, é perda de tempo. Maguito, por exemplo, deve pensar que “cidade inteligente” é replicar em Goiânia o centro de monitoramento implantado pelo seu parceiro Gustavo Mendanha, em Aparecida, através de um grande número de câmeras postadas nos pontos de maior aglomeração da cidade. Talles Barreto, do PSDB, acha que é copiar projetos que deram certo em Curitiba, um dos centros urbanos mais avançados do país. Já para Vanderlan Cardoso, seria investir em condomínios industriais, para gerar empregos para as goianienses e goianienses. E segue por aí, em uma mistura de iniciativas públicas e privadas, parte das quais invadindo a esferência de competência de outros Poderes ou então sem a menor previsão de fontes de recursos.
O que Goiânia precisa é simples: organização da ocupação dos espaços, gestão eficiente do trânsito, benefícios civilizatórios massivos para todos os bairros (como um eficiente recolhimento do lixo e detritos urbanos), prioridade total e absoluta para a eficiência do transporte coletivo e requalificação ambiental. Acrescente-se, com a ênfase trazida pela pandemia do novo coronavírus, todos os aspectos relacionados com o atendimento de Saúde. São nessas áreas que as propostas dos candidatos deveriam focar, com projetos detalhados, e não em frases de efeito bonitas e vazias. Nenhum ainda conseguiu se destacar, a não ser o jornalista Nílson Gomes, que não é candidato, mas um dom quixote, com suas ideias originais e criativas.