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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 set

Acordo PSD-DEM, com a chapa Vanderlan-Wilder, transforma Vilmar Rocha no único político identificado com o falecido Tempo Novo que não só sobreviveu, como ganhou um futuro brilhante em Goiás

Bastou uma semana, depois da fatídica aposentadoria de Iris Rezende, para que o ex-deputado federal e presidente do PSD em Goiás Vilmar Rocha ganhasse um status inesperado: ele, a partir de agora, com o sucesso e o forte impacto político e eleitoral do acordo do seu partido com o DEM do governador Ronaldo Caiado, é a única liderança não só a sobreviver à hecatombe que liquidou o Tempo Novo do ex-governador Marconi Perillo e seus 20 anos de poder, como também a ganhar um futuro brilhante, com potencial talvez a chegar ao sonho que ele sempre alimentou, que é a conquista de uma vaga no Senado Federal.

Em Goiás, as novas gerações não sabem o que é ou foi o Tempo Novo. E arrepiam ao ouvir falar em Marconi e a pleiâde de técnicos e políticos que o cercou em suas duas décadas de fastígio. Tudo isso virou anacronismo. Vilmar Rocha foi uma estrela em contínua ascensão durante esses anos de perdida supremacia e, pela normalidade das coisas, deveria ter afundado junto com o titanic tucano. Credite-se a ele um mérito: entre quatro a seis anos antes do naufrágio, cansou-se de avisar que o barco estava à deriva e sem rumo. Quando Zé Eliton foi designado postulante a governador, em 2018, em meio aos aplausos dos bajuladores de sempre, não economizou declarações com a interpretação de que se tratava, pela absoluta inconsistência do candidato, de algo parecido com um epílogo – na verdade, palavras que ele não usou, de um suicídio político.

Dito e feito. Com a debacle do Tempo Novo, Vilmar Rocha caiu em uma espécie de limbo. O fato de não ser atingido nem de longe por nenhum dos numerosos escândalos de corrupção dos governos tucanos ajudou, mas não garantiu a sua permanência no pódio. Foi crítico, meio que suave, de Marconi, com quem não rompeu e manteve a amizade, claramente sem reflexos na política. Pelo menos, assegurou a vitalidade as suas credenciais de seriedade e rigor ético, aliás em tudo semelhantes às do seu eterno e agora ex-adversário Ronaldo Caiado, com o qual tinha um histórico de rusgas e embates, sem desdobramentos no campo pessoal. Estava pronto, portanto, para a oportunidade que surgiu com a renúncia de Iris à política.

A essa altura, tendo conquistado o passe do senador Vanderlan Cardoso, tudo evoluiu com rapidez. Infantilmente assediado pelos dois Vilelas do MDB, Maguito e Daniel, que propuseram ao PSD trocar protagonismo de primeira linha por uma vaga de vice, refugou. Conversou com Caiado, acertou as pontas para Vanderlan, abriu as portas para um acordo com o DEM que tende a criar um novo e poderoso eixo de poder em Goiás e mudou radicalmente o cenário para os próximos anos, quase que representando uma reengenharia política de alto nível e largo alcance para o Estado, na qual não cabem as velharias do passado, nenhuma delas. A partir de agora, se houver cinco ou seis lideranças com peso para influir nos rumos do Estado, Vilmar Rocha passou a se constituir em uma delas. Será a superrcolheita de uma vida inteira. Merecidamente.