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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 set

Caiado quebra uma tradição de 40 anos e, antes de completar 2 anos de mandato, recebe aprovação elevada em Goiânia, que sempre foi demolidora com todos os governadores do passado

Há 40 anos que a população de Goiânia confere notas baixíssimas para os políticos que passaram pelo governo do Estado nesse período, entre eles Iris Rezende, Maguito Vilela e Marconi Perillo, só para citar os que de alguma forma ainda estão na ativa (e Iris entra nesse raciocínio pelos seus mandatos como governador, não como prefeito). Tanto que, nesse período, nenhum deles conseguiu eleger seus candidatos para a prefeitura, o que criou para a capital uma mística oposicionista considerada inabalável, na base do “se é quem está no poder, somos contra”.

Nada, no entanto, é para sempre. E assim o governador Ronaldo Caiado acaba de quebrar essa linha histórica, ao conquistar, na última pesquisa Serpes divulgada pelo jornal O Popular, 53,4% de avaliação positiva, como resultado da soma dos quesitos ótimo + bom (10% de ótimo e 43,4% de bom). É uma façanha. Apenas 13,2 dos entrevistados na pesquisa negaram reconhecimento ao governador (7,7% de péssimo e 6,7% de ruim). Isso nunca se viu antes. Não há quem tenha passado pelo Palácio das Esmeraldas, nas últimas quatro décadas, e não tenha merecido a reprovação das goianienses e dos goianienses – e talvez com toda a razão.

De cara, dá para concluir que Caiado mantém intacto, senão aumentou, o capital político amealhado nas urnas de 2018, quando venceu a eleição com folga no 1º turno com mais de 60% dos votos. Essa é uma péssima notícia para os seus adversários, que, hoje, são cada vez mais difíceis de identificar. Os mais visíveis são aqueles encarapuçados como porras-loucas (as leitoras e os leitores sabem que não uso expressões de baixo calão, mas não resisto aqui à oportunidade de quebrar com justa motivação esse paradigma) como os deputados estaduais Major Araújo e Humberto Teófilo e, por um lado bem mais sério, alguns setores corporativistas do funcionalismo, quase que como vozes isoladas e de baixíssima ressonância.

É fácil distinguir os fatores por trás da elevada aprovação do governador no centro urbano mais hostil do Estado a todas os antigos governos: antes de tudo, seu perfil de intransigência com a corrupção, ainda o fator mais demandado pela sociedade no Brasil dos dias de hoje; depois, a declarada boa intenção na administração dos recursos públicos entregues ao seu zelo; e, por último, a firmeza com que toma decisões e o acerto de cada uma delas, que compõem uma soma afirmativa e pôde ser constatada na condução da crise do novo coronavírus em Goiás, em que Caiado não fez e não faz concessões para agradar esses ou aqueles envolvidos na crise. Ele foi duro, durísssimo. Um especialistas do Serpes chegou até a interpretar a sua popularidade como consequência das decisões de enfrentamento à pandemia, qued considerou fundamental para os índices extraordinários que o governador obteve na pesquisa sobre a sua avaliação.

Sim, os números não mentem. Pela altura da metade do seu mandato, Caiadotem motivos para sobra para concluir que está no caminho certo e que essa é a marcha batida que deve seguir até o momento de propor a sua recondução a mais quatro anos de poder. É uma fórmula pessoal e política que deu certo, a partir da sua credibilidade e legitimação biográfica, ainda mais depois dos desmandos que marcaram a maioria dos seus antecessores. O diferencial é grande.