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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 out

Primeiro debate entre candidatos a prefeito de Goiânia, promovido pela ACIEG, foi chato, sem graça e engessado, mas pelo menos mostrou muita civilidade, educação e esforço propositivo de todos

O primeiro debate entre candidatos a prefeito de Goiânia foi promovido pela Associação Comercial e Industrial de Goiânia -ACIEG e contou com sete deles, escolhidos pelo critério de melhor colocação na última pesquisa Serpes/O Popular: Vanderlan Cardoso (PSD), Adriana Accorsi (PT), Maguito Vilela (MDB), Elias Vaz (PSB), Alysson Lima (SD), Virmondes Cruvinel (CIDADANIA) e Fábio Júnior (UP). Entre visualizações na hora em que o evento foi transmitido pelo Youtube e posteriormente, pouco mais de quatro mil pessoas assistiram a pelo menos parte do encontro, lembrando que Goiânia tem um universo de quase milhão de eleitoras e eleitores.

É uma audiência pífia, que não serve para construir apoios para um ou para outro que tenha conseguido apresentar propostas ou defender posições que tenham potencial de simpatia popular. O que não houve. Devido ao elevado número de participantes e a regras que obviamente procuram garantir a igualdade de armas entre todos, o debate acabou engessado, sem momentos quentes, muito sem graça durante todo o seu transcorrer e, sem dúvida nenhuma, chato. Só alguém com muita disposição e vontade, fora assessores e jornalistas de um modo geral, assistiria a tudo do começo ao fim.

A coluna de comentários, durante a exibição pelo Youtube, mostrou a tradicional mobilização dos militantes de cada candidatura e até dos que não foram chamados para o convescote. Alguns sinais captados são interessantes. Adriana Accorsi foi muito atacada, não pela sua pessoa, mas pelo partido que representa: o velho PT foi bem citado e lembrado pelos casos de corrupção em que foi e está envolvido, que, aliás, ela tentou explicar, quando foi questionada nesse sentido por Elias Vaz, como um mal que atinge todos os partidos e não apenas o dela. Explicação fraquíssima, infeliz, que exclui qualquer autocrítica e que só serve para puxar para baixo a candidata, na medida em que tentar justificar o injustificável.

Outra vítima da enxurrada de comentários foi o representante do MDB Maguito Vilela. A desastrosa privatização da usina de Cachoeira Dourada apareceu com força. E ecos dos seus mandatos em Aparecida, que não resolveram os problemas mais graves do município. Quanto aos demais, passaram quase que em branco. É importante, mais uma vez, lembrar que essas manifestações são em sua maior parte manipuladas pelos seguidores dos candidatos, que fazem o possível para defender as suas preferências e o impossível para agredir os adversários.

Vamos agora ao conteúdo. Elias Vaz confirmou ser um político dotado de forte preparo intelectual e capacidade de expressão. Não é de hoje que se sai bem em suas aparições públicas ou confrontos parlamentares. Vanderlan Cardoso conseguiu mostrar que amadureceu e que agora é tolerante, a ponto de elogiar um ou outro concorrente, como fez com Adriana Accorsi. Maguito Vilela penou para se equilibrar entre propostas para, como diz, Goiânia seguir em frente, e o potencial crítico que em contraposição essas ideias têm em relação à gestão de Iris Rezende. Quando o assunto foi o transporte coletivo, ele não teve como se conter e acabou dizendo que todas as administrações da capital, até hoje, não conseguiram nem passar perto de resolver. Por fim, candidatos como Virmondes Cruvinel, Fábio Alves e Fábio Júnior podem até ter dito alguma coisa que tenha algum valor, mas a falta de chances na eleição não permite que sejam levados a sério.

Travado em um ambiente de civilidade e educação entre os contendores, o debate da ACIEG evidenciou que os poucos que acontecerão, na campanha deste ano em Goiânia, dificilmente oferecerão algum atrativo para que se chegue a uma audiência significativa. Isso, está na cara, vai ficar para o inevitável 2º turno, no qual, pelo andar da carruagem, Vanderlan estará presente. Do outro lado, ou Maguito Vilela ou Adriana Accorsi, mas possivelmente o candidato do MDB. Essa é a realidade.