Só um milagre muda: Gustavo Mendanha (Aparecida), Paulo do Vale (Rio Verde), Antônio Gomide (Anápolis) e Adib Elias (Catalão) já ganharam a eleição e só vão cumprir tabela até 15 de novembro

Dentre as cidades mais importantes do Estado, quatro já estão com o resultado das eleições definido, em conformidade com a tendência traçada pelas pesquisas em que se pode acreditar: Gustavo Mendanha, do MDB (Aparecida), Paulo do Vale, do DEM (Rio Verde), Antônio Gomide, do PT (Anápolis) e Adib Elias, do PODEMOS (Catalão). Não há mudança possível, a não ser algum acontecimento trágico ou inusitado. Todos eles já podem mandar confeccionar o terno de posse.

Gustavo Mendanha é um caso raríssimo na política de Goiás. Em um colégio eleitoral de grandes proporções, ou seja, o 2º maior em meio aos 246 municípios goianos, conseguiu a façanha de se lançar como candidato único. Há um concorrente, apenas um, do PSOL, que marca traço nas pesquisas, garantindo assim a intocabilidade da manifestação prevista das urnas. Gustavo Mendanha está tão confortável com a unanimidade conquistada que dispensou o horário gratuito de propaganda eleitoral com o objetivo de economizar com os gastos de campanha. Como consequência, acabou prejudicando seu antecessor e companheiro de partido Maguito Vilela, sofrendo em Goiânia no enfrentamento com Vanderlan Cardoso. Maguito poderia ter se beneficiado eleitoralmente aparecendo nos programas veiculados teoricamente para Aparecida, mas que, pela TV Serra Dourada, a emissora designada, acabariam atingindo toda a audiência da capital vizinha.

O médico rioverdense Paulo do Vale (na verdade, ele não é nascido lá e, sim, em Minas Gerais) é outro fenômeno eleitoral. A última pesquisa Serpes/O Popular deu a ele mais de 74% de aprovação (ótimo + bom), mesmo com todas as vicissitudes que a cidade passou e ainda passa com o descontrole da pandemia do novo coronavírus, e, quanto a intenções de votos, inacreditáveis 65,3%. A eleição em Rio Verde, portanto, é apenas um passeio para Paulo do Vale.

Em Anápolis, a reentrada da candidatura de Antônio Gomide, que havia desistido e em seguida desistiu da desistência, para azar do prefeito Roberto Naves, do PP, atrás da reeleição, definiu o cenário como se esperava antes. Gomide lidera com praticamente metade das intenções de votos ou 49,9% – suficientes para a vitória no 1º turno. O petista faz a melhor campanha, tanto na rua quanto nos programas de rádio e televisão, apresentando-se de forma direta e concentrando a propaganda e a divulgação tanto no seu nome quanto na sua pessoa, diante de um adversário que passou os seus quatro anos de mandato em brancas nuvens, sem uma marca ou identidade para ser reconhecido pelas eleitoras e pelos eleitores anapolinos – e, ainda pior, desenvolve equivocadamente a sua campanha prometendo tudo o que deixou de fazer e assim chamando atenção para as suas falhas.

Finalmente, vem o “trator” Adib Elias, que, pelo menos na sua região, assim é chamado. Ainda não se sabe de nenhuma pesquisa do instituto Serpes em Catalão, porém a média dos levantamentos publicados até agora indica para um potencial superior a 50% contra adversários que estão engalfinhados pelo 2º lugar, a uma grande distância. O que valoriza o desempenho de Adib Elias é o fato de estar disputando o 4º mandato, vencendo o eventual cansaço da população com o seu nome e se viabilizando para voos de maior altitude na política estadual, como, por exemplo, a posição de vice na chapa da reeleição do governador Ronaldo Caiado ou mesmo uma vaga no Senado.

Essa última projeção – no sentido de buscar um futuro superior aos limites municipais – cabe também para Gustavo Mendanha. Ele e Adib, dos quatro que já estão eleitos, são os que cultivam abertamente a ambição de passar ao palco principal da luta pelo poder em Goiás e, de fato, estarão adequadamente calçados, após as próximas urnas, para subir sem escorregar os degraus dos próximos anos. Paulo do Vale não parece ser dono desse perfil e tende a cumprir seu 2º mandato até o fim e continuar em Rio Verde, enquanto o petista Antônio Gomide já aceitou o seu destino como político municipal, embora de uma cidade de certa forma de expressão nacional que até deu a ele um mandato na Assembleia. Há mandatos parecidos pela frente para Paulo do Vale e Gomide e só. Sem dúvida nenhuma, Gustavo Mendanha e Adib Elias é que sairão cacifados para os cargos e as posições mais elevadas do Estado.