Com o 2º turno definido entre os dois, Vanderlan vai ter que responder ao fogo da campanha de Maguito na mesma moeda e expor o telhado de vidro do adversário
As urnas do próximo domingo, 15 de novembro, deverão definir em Goiânia a realização de um 2º turno entre os candidatos do PSD, Vanderlan Cardoso, e do MDB, Maguito Vilela, mas provavelmente com uma novidade: a campanha de Vanderlan dificilmente permanecerá imobilizada pela corrente de solidariedade gerada pela infecção de Maguito pelo novo coronavírus e mudará a estratégia, partindo para retribuir com a mesma moeda os ataques e agressões que recebeu durante o 1º turno, ou seja, expondo o monumental telhado de vidro do emedebista.
Aproveitando-se da trégua que ganhou dos adversários enquanto padecia e até corria risco de vida depois de pegar a Covid-19, a campanha de Maguito não vacilou e massacrou Vanderlan com críticas ácidas, no que foi acompanhada por candidatos como Adriana Accorsi, do PT, e Elias Vaz, do PSB. Formou-se um complô contra o representante do PSD, que, no entanto, não reagiu, em um comportamento ético sem precedentes em eleições em Goiás ao se recusar a responder ao fogo com mais fogo, ainda mais contra um candidato, Maguito, transformado em paciente grave de uma doença mortal.
Mas, no 2º turno, dificilmente Vanderlan oferecerá a outra face. A sua campanha pode e deve concluir que não será mais o caso de garantir ao seu concorrente a janela de oportunidade para bater impunemente de que ele abusou no 1º turno, a ponto de surgir uma convergência entre analistas e veículos de comunicação de que o jogo jogado pelo MDB foi de absoluta deslealdade, para não dizer sujo. O que vem aí é uma nova eleição, tête-à-tête, quando é até um dever informar as eleitoras e os eleitores sobre quem é, de onde vem e qual a folha corrida de cada candidato. E aí a eleição vai se complicar para Maguito.
Depois de internado para se tratar do novo coronavírus, o emedebista foi celebrado pelos seus áulicos como “guerreiro” (alguém até inventou que ele seria conhecido por essa alcunha em Jataí, sua terra natal), mas a sua trajetória política e pessoal mostra que nunca passou perto disso. De Iris Rezende, que enfrentou a ditadura militar e foi peça decisiva da redemocratização do país, até que poderia ser dito. De Maguito, que estava no partido da ditadura, a Arena, naquele momento, jamais. Ele nunca se meteu em nenhuma luta política nem muito menos defendeu em seus sucessivos mandatos eletivos alguma bandeira social ou capaz de mobilizar a população. Não teve no passado e continua sem ter opinião conhecida sobre qualquer tema polêmico. Ao contrário, tentou legalizar o jogo do bicho e os caça-níqueis no Brasil, quando foi senador, época em que também foi padrinho de casamento do empresário do ramo Carlos Cachoeira. Seus mandatos legislativos foram nulos, meras escadas para progredir na carreira de político profissional Como governador, torrou a usina de Cachoeira Dourada e não é capaz de explicar para onde foi a fortuna arrecadada, quase R$ 1 bilhão de dólares pela cotação da época. Sua gestão, fora a cesta básica que o seu sucessor Marconi Perillo desmoralizou com a introdução pioneira do Cartão Renda Cidadã, só é lembrada pela má imagem que construiu perante o funcionalismo estadual.
Vanderlan, se quiser, tem um arsenal para usar. Os dois mandatos de Maguito em Aparecida encabeçam o estoque de armas. Na Justiça, depois de denúncias oferecidas pelo Ministério Público, tramitam hoje quase 20 ações de improbidade por atos ilegais e irregulares que ele praticou na prefeitura. Sim, Maguito é réu. E não em um, dois, três ou quatro processos, mas muito mais, como se pode apurar no site do Tribunal de Justiça. Além disso, Aparecida, depois dos seus oito anos de administração, foi entregue ao sucessor com milhares de crianças sem creches, dois a cada 10 bairros sem asfalto, uma mixaria de ruas com saneamento básico e taxas de criminalidade que só caíram depois que o governador Ronaldo Caiado assumiu o comando das forças de segurança em Goiás. E essa é só uma pequena amostra, porque, se resolver retribuir à altura, Vanderlan tem muito mais a que recorrer.
Ao replicar com pauladas a consideração dos adversários com o seu estado de saúde, o “guerreiro” brincou com fogo no 1º turno. A conta será cobrada na curta, porém intensa campanha que se avizinha com o início do 2º turno na próxima segunda, 16 de novembro.