Profusão de pesquisas, inclusive e lamentavelmente com o aval de O Popular, empurra as eleições municipais goianas para o surrealismo
Virou bagunça. Ou lambança. Ou anarquia. O fato é que Goiás provavelmente passa a deter o título de Estado que mais tem institutos de pesquisa em atividade, oferecendo, em cada cidade, levantamentos os mais absurdos e incongruentes possíveis. Não se preocupe, você, que é candidato a prefeito. Se está atrás em qualquer pesquisa publicada, providencie a sua própria, porque… institutos não faltam.
E com a colaboração de O Popular, o meio de comunicação mais importante do Estado. Por alguns trocados, é possível publicar no jornal qualquer pesquisa, exigindo-se apenas que tenha sido registrada no Tribunal Regional Eleitoral – para o quê basta um ofício e uma cópia do questionário. É uma piada. Cada candidato paga pelos índices conforme o seu interesse, estampa em O Popular e reproduz no seu município, nas redes sociais e onde mais for possível, sempre incluindo a logo e consequentemente o aval, como já dito, do mais destacado órgão de imprensa estadual.
Somente em um dia, 13 de novembro, uma aziaga sexta-feira, O Popular publicou dezenas de pesquisas, assinadas por institutos dos quais ninguém nunca ouviu falar. Vejam só, leitoras e leitores: Podium, AR7, Marques Assessoria, IPCM, EBRAP, IGOP, Imprensa, Contatos, Destake e mais alguns conhecidos por estrepolias em outras eleições, como o Directa (que anunciou a vitória de José Eliton em 2018) e o Diagnóstico. E está aí o escândalo do IPOP, que massificou a manipulação das pesquisas e acabou nas garras da Polícia Civil. Há em tudo isso um exagero. E ninguém pode ser punido porque, em última análise, alegar-se-ia que os resultados apontados são o retrato de um momento, que, divergindo do veredito das urnas, teoricamente podme ser justificados como uma mudança de última hora do eleitorado. É surreal.
É uma farra que precisa, mas não vai ter fim. Felizmente, está comprovado que, para a população, pesquisas não têm a menor influência. O conceito disseminado é que cada candidato ou partido providencia as suas e vamos em frente. O voto não tem nada a ver com essa zorra que só desmerece os candidatos que a ela recorrem.