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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 nov

Ou muda radicalmente o marketing ou a derrota no 2º turno será pior do que a indicada pelo resultado do 1º turno: esse é o dilema que Vanderlan precisa resolver já

Em eleições, principalmente na atual, que corre no espaço de tempo mais reduzido da história, ainda mais com apenas 14 dias de campanha daqui até a data do 2º turno, tomar decisões com presteza e rapidez pode ser a diferença entre a amargura da derrota e a doçura da vitória. Vanderlan, que chegou atrasado em todos os momentos de importância ao percorrer o 1º turno em Goiânia, no início como candidato colocado em 1º lugar nas pesquisas, com folga, e na reta final como vítima de uma virada, ainda que o seu concorrente Maguito Vilela tenha se beneficiado de um fator extrapolítica, a infecção pelo novo coronavírus, tem de agir já, se quiser contar com alguma chance, rara, de reverter a expectativa de insucesso, o que, a essa altura, é quase impossível.

O representante do PSD foi e é um bom candidato que escorregou basicamente em duas cascas de banana, nenhuma relacionada com a administração de Goiânia: o vazamento de um áudio em que defendeu o colega senador que escondeu dinheiro nas nádegas e o trecho de uma entrevista de 2018 em que prometia cumprir integralmente o mandato de oito anos de senador, se vencesse, como efetivamente venceu. Nada, enfim, que soluções efetivas de marketing não resolvessem, embora, no primeiro caso, talvez não 100%. Mas a campanha de Vanderlan demorou a reagir, confiou em soluções vindas da Justiça Eleitoral, que não surgiram, e a partir da exploração de ambos os fatos pelos adversários – não só a campanha de Maguito como a dos seus proto-aliados Adriana Accorsi, do PT, e Elias Vaz, do PSB – seus índices estacionaram nas pesquisas ou começaram a cair, com a ascensão concomitante do candidato emedebista.

Quando a reação veio, tardiamente, foi pior. As respostas, mal ajambradas, só ajudaram a ampliar o estrago. Nem compensa aqui analisar o que aconteceu porque são águas passadas. O que importa, para Vanderlan, é achar um meio para reverter a corrente já deflagrada para levar Maguito a uma vitória no 2º turno, aproveitando o embalo da vantagem de 70 mil votos que conseguiu no 1º turno. E o passo número um já deveria, se não foi, ter sido dado: a troca da sua equipe de marketing, uma vez que está matematicamente comprovado, pelas urnas, que o trabalho desenvolvido não foi – nem um pouquinho – eficiente. Mais grave: foi deletério, isto é, ajudou Maguito e não Vanderlan.

É claro que deve ser considerado como atenuante o ganho eleitoral natural de Maguito com a infecção pela Covid, habilmente manipulada pelo MDB, embora às custas da obrigação ética e moral de agir com transparência em se tratando de um político acometido por uma doença grave. Vanderlan, acreditando no dever de solidariedade cristã, resolveu não revidar. Bater em quem não pode se defender é um desastre. Só que Maguito continuou metendo bala e não deu trégua de um dia sequer para os ataques da sua campanha ao oponente. Nem isso os programas e o discurso do candidato do PSD mostrou. Ficou claro que o jovem marqueteiro Maurício Coelho(foto acima) ou não sabia o que fazer ou não o deixaram atuar. Porém, é óbvio que ele montou uma campanha cuja estratégia seria um passeio glorioso até o pódio, de salto alto, com acenos gentis aos demais candidatos. Nem um único ponto frágio de Maguito foi explorado – e são muitos. Agora, o risco de ter perdido o bonde é grande. Como é para pra frente que as coisas contam, a hora para Vanderlan é de decisão, sinalizando para toda a campanha que acordou. Ou troca já a equipe de comunicação, contaminada pelos erros do 1º turno, ou toma uma surra acachapante na contagem dos votos na noite do dia 29 próximo, que, ao menos, poderia ser amenizada.