Assinatura do genro nos boletins médicos do Hospital Albert Einstein gera desconfiança inevitável sobre o verdadeiro estado de saúde de Maguito
Todos os boletins médicos oficiais do Hospital Albert Einstein sobre o estado de saúde do candidato do MDB a prefeito de Goiânia Maguito Vilela, que passaram a ser emitidos diariamente a partir da segunda-feira, 16 de novembro, um dia após as urnas do 1º turno (antes, poucos foram distribuídos, apesar dos quase 20 dias de internação até aquela data), são assinados por três médicos, um deles o dr. Marcelo Rabahi, que é genro de Maguito. O mesmo que, desde o início do padecimento do candidato, inicialmente em um hospital em Goiânia e depois transferido para a UTI do Albert Einstein, em São Paulo, protagonizou uma infinidade de vídeos sempre garantindo que o paciente estava bem, estável, em recuperação e mais uma série de prognósticos que não se confirmaram porque, ao mesmo tempo, as suas condições físicas pioravam até chegar a um ponto de comprometimento muito sério, conforme se viu.
Ora, direis, o Hospital Albert Einstein está acima de quaisquer suspeitas. Não, não está. No mínimo, o hospital foi responsável por uma decisão equivocada, ou seja, a não emissão de boletins diários a partir de 27 de outubro, data da internação. Dessa dia até 15 de novembro, foram pouquíssimos os boletins divulgados, fato que ainda permanece na obscuridade e deveria ser esclarecido se foi da responsabilidade da instituição ou da família do paciente. Por que isso não aconteceu? A família, leia-se: Daniel Vilela, não autorizou?
Muitos, na coordenação de campanha do MDB, defenderam que o genro fosse afastado das manifestações públicas sobre a situação de Maguito. É claro: o parentesco gera desconfianças que são naturais, já que, além do profissionalismo, há fatores emocionais em jogo. E uma injunção política: a necessidade de criar expectativas otimistas com o objetivo de impedir qualquer prejuízo para as intenções de voto. A prioridade, óbvia, é vender eleitoralmente um candidato momentaneamente em dificuldades, mas prestes a receber alta e portanto sem problema algum para assumir o mandato, em caso de vitória, o que não será realidade, se Maguito ganhar.
Não que se esteja aqui levantado dúvidas sobre o comportamento do dr. Marcelo Rabahi. Mas ele estava e está envolvido emocionalmente com o sogro. Errou, em algumas declarações. E nunca passou perto de expor com objetividade o que estava acontecendo com o candidato, dando a impressão de colaborar com o esforço do MDB e de Daniel Vilela para vender uma imagem de tranquilidade e de uma próxima resolução positiva que nunca aconteceu. Sim, médicos são dotados de um poder político, digamos assim, simplesmente enorme sobre os pacientes a eles entregues, isso no Brasil. Ninguém contesta o que dizem. O índice de processos judiciais, ao contrário de outros países, a que respondem por equívocos cometidos é mínimo. Tudo isso tem importância quanto ao que está ocorrendo com Maguito. Mas também colaborou para distorcer a eleição em Goiânia.