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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 nov

Eleição de Maguito, que pode não assumir nunca, traz de volta o pior da “velha política”, através do fatiamento de cargos que o prefeito Rogério Cruz terá que fazer para atender ao MDB e aliados

Esqueçam, por ora e provavelmente por muito tempo, qualquer cenário em que o prefeito eleito Maguito Vilela possa melhorar e em seguida assumir o comando do Paço Municipal. Isso – desculpem a palavra, leitoras e leitores, mas é o caso – não passa de uma lorota criada pelo MDB e pelo filho Daniel Vilela no esforço de manipular as informações reais e vender o candidato, no 1º e 2º turnos, como passível de ser votado porque, em breve, estaria restabelecido e pronto para o mandato conquistado nas urnas.

Gostemos ou não, o novo prefeito de Goiânia é o carioca Rogério Cruz, o sortudo maior produzido pelos eventos infelizes da última eleição municipal. Em tese, pode se revelar um grande líder e um grande gestor. As circunstâncias em que será investido, no entanto, conspiram contra ele. O fato é que dificilmente revelará forças para enfrentar as pressões que se avolumarão contra ele antes mesmo de atribuir-se o 2º cargo mais importante da hierarquia administrativa de Goiás. O MDB, partido que venceu em Goiânia, é um autêntico representante da “velha política”, apesar das caras jovens com que aparentemente se renovou, tipo Daniel Vilela ou Agenor Mariano. Eles são mais macróbios, entre as orelhas, do que as tradicionais referências geriátricas do partido, tipo Iris Rezende ou o próprio Maguito, que se alternam no poder e em eleições há 40 anos consecutivos.

Mas as eleitoras e os eleitores goianienses são pacientes e crédulos. Elegeram Maguito por compaixão, acreditando que, passados os momentos mais difíceis da luta contra o coronavírus, estaria em breve em completo restabelecimento, pronto para enfrentar as pesadas obrigações para as quais as urnas o escolheriam, confiando nos comunicados da campanha emedebista, nas “comemorações” de Daniel Vilela pela iminente alta hospitalar e nos vídeos do médico-genro Marcelo Rabahi e até nos boletins médicos oficiais em linguagem superficial de uma instituição respeitável como o Hospital Albert Einstein. Pois é: nada disso era verdade, Maguito sempre piorou, continua muito mal, até como consequência do tratamento mecânico a que está submetido com a conexão a uma infinidade de máquinas extracorpóreas e pode nunca mais ter condições de levar uma vida normal, se sair dessa, diante das sequelas previsíveis ou não, todas altamente limitantes para a normalidade da existência.

Em troca de Maguito, o que Goiânia vai ganhar é o vice Rogério Cruz. De certa forma, também é um estelionato eleitoral. Comprar um produto e receber outro, de menor qualidade., é a definição. Junto, virá o pior da “velha política”, com fatiamento de cargos entre partidos e lideranças para garantir apoio e 33 vereadores que vão se armar até os dentes para aproveitar a oportunidade. Políticos preferem governantes fracos, dos quais podem arrancar mais vantagens. É o que vem por aí, com um acréscimo: a tutela de Daniel Vilela. Até quando vai durar, vamos ver no que vai dar, mas é uma fórmula que não funciona em lugar algum.