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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 dez

Votação bem menor que a esperada, no 2º turno, foi recado de Goiânia para o MDB, a Daniel Vilela, ao vice Rogério Cruz e ao grupo que cerca Maguito: não há confiança plena e persistem dúvidas

No 2º turno, o candidato a prefeito de Goiânia pelo MDB Maguito Vilela teve uma votação bem abaixo do esperado. Dos 250 mil votos que teve no 1º turno, evoluiu 50 mil e foi para 277 mil sufrágios ou mais ou menos 25% a mais. Seu adversário Vanderlan Cardoso, postulante do PSD, deu, no entanto, um salto de mais de 70%, saindo de 148 mil votos no 1º turno para 250 mil no 2º. Todas as pesquisas publicadas antes do dia 29, inclusive na véspera, apontavam para números diferentes, francamente favoráveis a Maguito. Um instituto, o Diagnóstico, chegou a 60% das intenções de voto para o emedebista e apenas 30% para Vanderlan.

Erraram todos. Os institutos de pesquisa e quem acreditou em um massacre eleitoral. O próprio vice eleito Rogério Cruz admitiu que “esperávamos uma vantagem maior”. Além disso, a abstenção subiu e, acrescida dos votos brancos e nulos, passou de 40% do eleitorado, recorde nacional. Maguito acabou eleito com uma votação que retroagiu Goiânia a 1996, quando Nion Albernaz venceu no 2º turno com 250 mil votos. Ou seja: 25 anos depois, a votação foi a mesma, porém significando, hoje, uma baixíssima adesão da população ao mandato do novo prefeito.

Em eleições majoritárias, basta ganhar por um voto e se está eleito. Essa é a regra legal. Mas situações assim criam problemas de legitimidade para o eventual novo governante que dela se beneficia, quando há um quase empate. Menos votos, diferença menor e tudo o mais que se registrou no 1º e no 2º turno, incluindo aí a falta de debates entre os candidatos e a doença que afastou um deles praticamente por toda a campanha, produziram, não há dúvidas, uma desconfiança coletiva que terminou por se traduzir no veredito das urnas.

O recado de Goiânia para o MDB, para o superfilho e dono de tudo Daniel Vilela e para o grupo político e para os aliados de Maguito é claro: devagar com o andor. Receberam um cheque para administrar Goiânia, mas não em branco. A maior parte das goianienses e dos goianienses – que não votou no vitorioso – ainda precisa ser convencida de que é do novo núcleo que se instalará no Paço Municipal que sairão as soluções de que a capital necessita. Pouco mais de 20% do eleitorado teclou número 15 nas urnas eletrônicas, índice mais baixo de comprometimento já registrado na história política e eleitoral de Goiânia. Isso quer dizer que o aval da sociedade terá que ser conquistado com acertos, bom senso, comedimento e sobretudo demonstração de que, no dia 29, domingo passado, não foi um processo de ganância pelo poder que emergiu das urnas e sim um passo à frente para a cidade e seus habitantes. É o que vamos saber agora.