Votou em Maguito, elegeu Rogério Cruz: vem aí uma mixórdia política e administrativa que tem tudo para comprometer a gestão da prefeitura de Goiânia
Eleito pelas urnas, depois de um processo de manipulação de informações sobre o seu verdadeiro estado de saúde através do qual o MDB e o filho Daniel Vilela deram a entender que ele estaria apto para assumir a prefeitura de Goiânia, Maguito Vilela continua em condições gravíssimas na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. O resultado: daqui a 26 dias, o vice Rogério Cruz estará tomando assento no comando do Paço Municipal.
Preparem-se para más notícias, leitoras e leitores. Não sobre Maguito, que até sinaliza alguma melhora, embora seus médicos e seus familiares não consigam definir o que avançou paositivamente em seu padecimento hospitalar, se é que avançou. Porém, a respeito do que vai acontecer na prefeitura, primeiro no período que antecede a posse e depois já a partir da instalação do novo regime. Os ingredientes são os piores possíveis: um prefeito que não foi eleito diretamente, Rogério Cruz, e não sabe exatamente o que fazer nem tem autoridade plena para isso, e uma eminência parda, no caso Daniel Vilela, tutelando todas as decisões, de fato criando um temerário vácuo de poder que tende a ser nocivo para Goiânia, já que nenhum dos dois tem nas mãos a credencial emitida pelas urnas.
Ninguém sabe como o vice é, qual o seu estilo, qual o seu comportamento, quais as suas características pessoais. Ele é uma página em branco até para o MDB, que passou a conviver com ele a partir da sua escolha como companheiro de chapa de Maguito, representando a aliança com o Republicanos do deputado federal João Campos. Até aí, Rogério Cruz não passava de um vereador mergulhado na obscuridade. Nos últimos dias, o substituto eventual que agora é o titular quase definitivo deu um duplo e preocupante sinal: 1) avisou que não será um “poste” depois de assumir o cargo, o mesmo que dizer que não aceitará o papel de fantoche cumpridor de ordens e 2) foi a um encontro dos prefeitos eleitos da Igreja Universal, em São Paulo, onde ouviu as diretrizes da instituição para os seus prepostos que foram vitoriosos nas últimas eleições.
Ou seja: há duas forças, uma interior, ele mesmo, e outra exterior, a Igreja Universal, prontas para interferir no que vem aí para a gestão administrativa da capital. Ambas acima da questão partidária. Contra isso, óbvio, se ergue o MDB e o filho Daniel Vilela, que participou da cerimônia pública, no gabinete do prefeito Iris Rezende, após o pleito, em que Rogério Cruz, também presente, foi humilhado quando Iris disse aos jornalistas que “Daniel Vilela estava à altura de comandar a transição entre o governo que sai e o governo que entra”. Esse papel, é óbvio, deveria ser do vice, dada a sua elevada posição institucional dentro da realidade da próxima prefeitura, que ouviu perigosamente calado.
Maguito, leitoras e leitores, já terá recebido um milagre ao sobreviver ao ataque que sofreu da Covid-19, para o qual não tinha defesas genéticas. Dificilmente ganhará outro, reunindo condições para assumir o cargo, quando não se conhecem ainda quais as sequelas que o acometerão, tanto da doença quanto do pesado tratamento invasivo a que está submetido – que, anotem, está se prolongando em demasia, embora infelizmente necessário, o que só multiplica os riscos cardiológicos, neurológicos, ortopédicos, fisiológicos e psíquicos que está correndo para quando se restabelecer. O novo prefeito é… Rogério Cruz e essa ficha caiu dentro do MDB. Não há outra acepção para definir a sua posse a não ser a de um grande problema. Para o partido, para Daniel Vilela e para Goiânia, será uma mixórdia.