Administração de Iris falhou em setores delicados para a qualidade de vida da população e vai deixar um passivo que comprometerá os primeiros meses e talvez anos da nova gestão
Uma série de reportagens de O Popular está configurando, para 2021, um ano dramático na prefeitura de Goiânia, graças ao excesso de obras inacabadas que serão legadas pelo prefeito Iris Rezende para o seu sucessor. É muita coisa, tudo prometido para conclusão neste ano, antes da eleição, porém não cumprido. E dentro de um quadro de descontrole que torna impossível marcar uma data para a entrega, casos, por exemplo, da arrastada reforma do Terminal Isidória, do complexo da avenida Jamel Cecílio (um viaduto que estava com inauguração prevista para julho último), dos quatro trechos da avenida Leste-Oeste (um no Jardim Novo Mundo, outro no Bairro Goyá, mais um entre a avenida Manchester e Senador Canedo e por último o trecho que na verdade é um prolongamento entre a Praça do Trabalhador e a Rua 402, que tem partes ainda não desocupadas), tudo isso sem falar no BRT Norte-Sul, que está longe, muito longe de estar pronto mesmo na sua etapa inicial.
É uma herança trágica, sob certos aspectos, já que vai engessar a nova gestão da prefeitura, obrigada a consumir recursos e gastar tempo com projetos que não são seus ou que deveriam vir na sequência das obras que deveriam estar funcionando, mas que Iris não conseguiu terminar – muitas delas, pasmem leitoras e leitores, iniciadas no mandato de Iris que começou em 2005. Não há como negar que instalou-se um descontrole administrativo no Paço Municipal, capaz de impactar os primeiros meses do novo prefeito – que, por enquanto, deve ser o vice Rogério Cruz. Ainda mais com dívidas estimadas em R$ 150 milhões vencendo no ano que vem e que o governo estreante será obrigado a pagar ou a renegociar, a juros exorbitantes.
Há mais. Um dos mais graves pepinos de Goiânia, hoje, é a falta de vagas nos CMEIs para que as mães trabalhadoras abriguem seus filhos enquanto cumprem expediente. Iris deixou essa carência se ampliar e chegar, em 2021, a um número entre 15 e 20 mil vagas, o que é inaceitável, ao de certa forma afeta os direitos básicos da mulher goianiense. Não haverá como resolver a curto prazo, nem mesmo copiando-se a solução improvisada que Maguito Vilela adotou em Aparecida, quando foi prefeito lá, ao assinar convênios com instituições privadas para expandir a educação municipal infantil local – algo que precisa ser investigado pelo Ministério Público. Aliás, entre as dezenas de obras inacabadas de Iris estão também 10 CMEIs, em diversos estágios de construção, que exigirão um razoável volume de recursos para a sua finalização. No geral, O Popular relacionou 21 problemas que afetam diretamente a qualidade de vida da população e que serão repassados, em aberto, para os novos dirigentes do Paço Municipal. É uma lista extensa, que inclui itens do atendimento básico de saúde às faixas carentes da população, inundações periódicas sem prevenção, a falta de definição de um foco para a guarda municipal (resguardar o patrimônio da prefeitura ou ajudar na prevenção ao crime?) e ocupação desenfreada de espaços públicos, sem nenhum controle. Sim, leitoras e leitores, não existe nenhuma situação de mar de rosas na prefeitura de Goiânia. Era propaganda.