Recuperação total de Maguito, pelo menos a ponto de governar Goiânia, é provável ilusão alimentada pelo MDB e por Daniel Vilela. É melhor já ir se acostumando ao salto no escuro que vem aí
O prefeito eleito de Goiânia Maguito Vilela segue internado em estado grave na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, depois de atacado pela Covid-19 e ter se livrado do vírus, mas enfrentando agora as sequelas desse mal que cobra um preço caro das suas vítimas. No caso de Maguito, as consequências são duplas: por um lado, vai padecer para o resto da vida dos efeitos deletérios da própria doença e, por outro, também sofrerá com as implicações negativas do pesado tratamento a que foi submetido. Tudo confluindo para uma situação de imprevisibilidade no seu futuro, que exigirá um acompanhamento médico intensivo e novos tratamentos para suportar as dezenas e dezenas de decorrências a que estará exposto, envolvendo as suas faculdades físicas, mentais e intelectuais.
Maguito não vai assumir a prefeitura no dia 1º de janeiro. Nesse dia, o estelionato eleitoral armado pelo MDB e pelo filho Daniel Vilela resultará na posse do vice Rogério Cruz, em quem as goianienses e os goianienses não votaram, porém terão que engolir. Rogério Cruz é uma incerteza. Ninguém sabe como ele se comportará, o que fará e quais as aptidões que possui para o cargo, fora o suposto amadurecimento pela idade (tem 54 anos) e os oitos anos de mandato como vereador em Goiânia. Todas as dúvidas crescem ainda mais diante das hipóteses traçadas para o seu relacionamento com o MDB e com o pimpolho herdeiro de Maguito, candidato a eminência parda na nova gestão que tomará conta do passo municipal daqui a alguns dias.
A receita explosiva. É ilusão acreditar que Maguito vai se restabelecer e poderá, em um certo momento, sentar-se na cadeira de comando do Paço Municipal. Salvando-se, não será nunca mais o mesmo de antes. Pela sua faixa etária, nem deveria insistir, caso venha milagrosamente a ter um mínimo de condições para exercer um cargo que tem um elevado comprometimento coletivo e exige dedicação absoluta, assim como não deveria ter sido candidato, arriscando-se imprudentemente ao contágio quando já tinha conhecimento da sua falta de resistência ao coronavírus (duas irmãs igualmente idosas morreram em um espaço de 10 dias, atacadas pela Covid). Seria a continuação de uma irresponsabilidade, quando poderá, inclusive, ser novamente reinfectado. O Maguito sobrevivente, se houver, deveria ficar em casa, cuidando-se. O que está em curso, portanto, é um jogo de faz de conta, que não teria maior importância se estivesse limitado à família ou aos amigos. Ao contrário, diz respeito ao futuro de toda uma cidade. O que vem aí é um salto no escuro.