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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 dez

Encontro de Rogério Cruz (acompanhado e vigiado de perto por Daniel Vilela) com Caiado, no Palácio das Esmeraldas, tem o significado de “posse” como prefeito de Goiânia

O vice-prefeito eleito Rogério Cruz está extraoficialmente empossado como prefeito de Goiânia. É esse o significado do encontro reservado que ele teve nesta quinta, 17 de dezembro, com o governador Ronaldo Caiado, no Palácio das Esmeraldas, que antecipou na prática a posse formal no comando do Paço Municipal no próximo dia 1º de janeiro, já que o prefeito eleito Maguito Vilela não terá condições físicas para receber o bastão de Iris Rezende. Acompanhado e vigiado de perto pelo presidente estadual do MDB Daniel Vilela, Rogério Cruz foi ao palácio cumprir a sua primeira missão como prefeito de fato da capital.

É certo que os três – Cruz, Daniel e Caiado – discutiram questões administrativas em que as esferas de poder estadual e municipal confluem. Mas houve mais. Daniel Vilela informou que o pai não tem a menor possibilidade de assumir tão cedo a prefeitura, mas que, como filho, continua otimista, porém reconhecendo que Maguito segue em estado grave e com perspectivas de enfrentar sequelas tão dramáticas que corre o risco de ter o seu futuro comprometido, não retornando nunca mais ao que era antes do ataque da Covid-19. Caiado, que é médico, já tinha esse prognóstico. Talvez não com essas palavras exatas, embora com o mesmo conteúdo. O comunicado de Daniel Vilela, acompanhando de um agradecimento emocionado, retribuiu a gentileza do governador, que, logo no começo da doença do prefeito eleito, ligou para sugerir a transferência urgente dele para o Hospital Albert Einstein – o que, se não tivesse sido feito, teria custado a vida de Maguito.

As goianienses e os goianienses escolheram Maguito para a prefeitura acreditando na conversa do MDB e principalmente de Daniel Vilela de que a recuperação estava em andamento e que a alta hospitalar seria iminente. Papo furado, mas funcionou. Quando alguém compra um produto e recebe outro, o nome que se dá a esse delito capitulado no Código Penal é o de estelionato, que também é o mesmo que induzir outrem a erro para tirar proveito. É crime. Mas, na política, não é. E foi exatamente o que houve em Goiânia: um estelionato eleitoral. Até hoje, aliás, não se fala a verdade sobre a situação de Maguito, prestes a completar 60 dias de padecimento em camas de hospitais com o organismo fragilizado ao extremo, inclusive sofrendo com uma perda severa de peso. A lista de consequências danosas a que está exposto, daqui em diante, é imensa. Viver, para ele, terá o sentido de cuidar intensivamente da sua saúde, dia e noite, sem qualquer possibilidade de se dedicar a um cargo que tem responsabilidades com a coletividade e exige diariamente um grande esforço físico e mental. Tudo isso continua oculto em uma zona de sombras.

Podemos, todos, ir nos acostumando com Rogério Cruz na prefeitura. E com Daniel Vilela como eminência parda do Park Lozandes. No que isso vai dar, só Deus sabe.