Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

19 jan

Nova gestão da prefeitura, em nome de Maguito, usou artifício para dobrar cargos do 1º escalão, atender apaniguados e até burlar a Lei do Nepotismo

A “reforma administrativa” que a nova gestão da prefeitura de Goiânia implantou em nome do prefeito Maguito Vilela, antes mesmo de assumir, através de um projeto vergonhosamente assinado pelo então prefeito Iris Rezende nos últimos dias de dezembro e em seguida aprovado pela Câmara Municipal, não só criou mais de 300 cargos comissionados com salários privilegiados (entre R$ 8 e mais de 12 mil reais mensais), como também acrescentou um penduricalho indecente à estrutura administrativa de todas as 21 secretarias: o cargo de de secretário executivo ou superintendente, com status de 1º escalão.

No total, as despesas com pessoal foram infladas em mais de R$ 30 milhões/ano, com uma só canetada. Dinheiro suficiente para construir no mínimo 4 CMEIs tamanho gigante, que ajudariam a resolver o mais grave problema social de Goiânia, hoje: o déficit crônico de vagas na Educação Infantil, violando o direito das mães trabalhadoras dos bairros que ficam sem ter onde deixar suas crianças enquanto cumprem o expediente diário. Mas não foi só isso. A ‘reforma administrativa” de araque incluiu também a adição dos tais secretários executivos ou superintendentes em cada pasta, inclusive nas quatro novas que somadas ao organograma do Paço Municipal, com salários praticamente iguais aos dos titulares, em torno de R$ 17 mil /mês. Isso é quase criminoso.

Com tantas vagas de emprego em tempos de contração econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, o Diário Oficial do município, desde o início de janeiro, exibe uma enxurrada de nomeações. São candidatos derrotados, ex-vereadores, filhos de vereadores (driblando a Lei do Nepotismo), pastores da Igreja Universal e uma malta de apaniguados, ou seja, indicados por partidos políticos – cimentando a salada de siglas que fundamentou a candidatura de Maguito e agora está sendo turbinada para respaldar a de Daniel Vilela a governador, em 2022. Como nunca, a prefeitura foi inteiramente aparelhada e abarrotada de quadros sem qualificação, mas até que nos tempos do PT velho de guerra e especialista histórico nesse tipo de operação. Não é possível que uma irresponsabilidade como essa vai dar certo.