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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 jan

Aniquilamento de Marconi, ascensão de Caiado, aposentadoria de Iris e morte de Maguito abriram espaço na política de Goiás para uma nova História – depois de décadas de mais do mesmo

Este, hoje, é um momento em que fatores de influência raríssimos se agruparam para produzir, em Goiás, uma nova História, politicamente falando. Em 2018, o ex-governador Marconi Perillo se candidatou ao Senado e foi aniquilado pelas urnas, passando a ser alvo de uma perseguição judicial sem precedentes, que o isolou radicalmente. Ao mesmo tempo, despontou a liderança do governador Ronaldo Caiado, trazendo um nível de reoxigenação para a administração estadual antes inimaginável. Sobreveio a aposentadoria de Iris Rezende e, inesperadamente, a morte de Maguito Vilela, depois de 40 anos de rodízio dentro do MDB, alternando entre eles as principais candidaturas e cargos do partido. Tudo, de uma só vez, agora que 2021 está no começo, trazendo para o Estado uma perspectiva de renovação da política como nunca se viu antes. O ar está mais arejado.

Um clarão se abriu. O velho foi varrido do mapa, depois da vitória de Caiado na última eleição e sua posse trazendo práticas inéditas para a administração pública, em especial a prioridade no combate à corrupção que foi a rotina dos anos emedebistas e tucanos, seguindo-se a eliminação voluntária de Iris e o afastamento involuntário de Maguito. O que era antigo, em pouco tempo, deixou de existir. Pode voltar, de repente, com Iris insistindo em se candidatar a senador, em 2022, apesar dos quase 90 anos que terá na época, e Marconi disputando uma vaga de deputado federal, que é o que lhe restou. Ou, de alguma forma, sob o disfarce do filho de Maguito, Daniel Vilela, se não souber se posicionar dentro dessa realidade emergente, comportando-se como um jovem que dentro da cabeça é mais idoso que todo e qualquer ator da velha guarda recorrente da política em Goiás.

Há um frissom no ar. Um frenesi. Depois de quase 40 anos, parece próxima a chegada de algo diferente. Temos um político não profissional no Senado, Vanderlan Cardoso. O banimento de Marconi, seguido pelo jubilamento de Iris e o infeliz desaparecimento de Maguito excluíram do palco principal da luta pelo poder estadual figuras que estavam há décadas no mesmo lugar, em um sistema de troca-troca, fazendo as mesmas coisas em termos de políticas públicas e, no final das contas, propondo um eterno retorno ou uma perpetuação do passado e de parâmetros já vencidos, mas ainda impostos às goianas e aos goianos. Caiado foi a primeira quebra desse paradigma, ao chegar empurrando Marconi de roldão para os desvãos da política. A extinção de Iris e Maguito veio em seguida. Agora, uma oportunidade única se abriu. Estamos livres de protagonistas que um dia foram ilustres ou talvez até tiveram uma contribuição, mas terminaram extrapolando os prazos de validade e quem sabe passaram a prejudicar Goiás. Vê-se que ninguém aguentava mais.

Houve uma ruptura. Sem nada de extraordinário, de revolucionário, apenas pelo andar macio da carruagem e pelo movimento normal da roda da História. Podemos sentir, depois que tudo isso aconteceu, o quanto era necessário. E aconteceu. Possibilidades infinitas estão disponíveis para Goiás, depois desse passo adiante na trajetória dos donos do poder subitamente retirados de cena. De Estado com a menor taxa de renovação política, no Brasil, demos um salto largo. Haja euforia. Finalmente, estamos livres. E o céu é o limite.