Eduardo Prado ganha uma página promocional em O Popular, jornal que gosta de se apresentar como sério e responsável, para fazer média com a vacinação anti-Covid. Não é possível uma coisa dessas

O deputado estadual Eduardo Prado deve estar comemorando: ganhou uma página de O Popular para a sua promoção pessoal, depois de iludir os jornalistas do veículo de comunicação mais importante do Estado com o anúncio de que apresentaria um projeto destinado a garantir, para Goiás, todas as vacinas contra a Covid-19 porventura, em algum momento, adquiridas pelo governador Ronaldo Caiado.
É uma vergonha que um jornal que gosta de se apresentar como sério e responsável embarque em uma empulhação como essa. O projeto de Eduardo Prado é assunto, no máximo, para uma nota de rodapé. Primeiro, porque proposituras de origem no próprio Legislativo costumam ter como destino a lata de lixo, salvo quando se trata de conceder títulos honoríficos ou medalhas de honra. Eduardo Prado, a propósito, é delegado de polícia, foi eleito propagandeando a defesa da segurança pública para as goianas e os goianos, mas até hoje, depois de dois anos de mandato, não apresentou uma ideia por mínima ou ínfima que fosse para colaborar com a bem sucedida política de repressão à criminalidade em Goiás, na qual Caiado alcançou um resultado nunca visto antes nas administrações do passado.
Depois, porque a visão de que deve ser assegurada a qualquer preço a vacinação da população de Goiás, danando-se o resto do país, é humanitariamente equivocada. O governador está coberto de razão ao insistir na integração do Estado ao Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, considerando que, no final das contas, todos somos brasileiras e brasileiros. Esse rapaz, Eduardo Prado, não pensa assim. Acha que faz média com o eleitorado ao ser arvorar em patrono da causa da imunização dos seus, dos nossos conterrâneos, sem se importar com o conjunto de todos os que nasceram nessa sofrida nação. Em última análise, o que ele está sugerindo é um esquema monumental para furar a fila da vacinação.
Não é e não deve ser assim. Não importa a origem dos recursos que serão aplicados na compra das vacinas pelo governo de Goiás, se surgir a oportunidade – e eles são federais, ou seja, provêm de todos os Estados. Não interessam questiúnculas sobre de onde vêm e para onde vão as verbas que, misturadas no caixa, em última análise são de um ente superior denominado Poder Público. O que deveria valer, acima de tudo, é que o direito ao imunizante é universal e deve ser reconhecido como um bem imaterial coletivo, acima de manipulações politiqueiras estapafúrdias, como nesse infeliz caso noticiado com pompa e circunstância por O Popular para promover um parlamentar de baixa qualificação, que só está na oposição porque foi expulso da base governista e teve apaniguados e parentes demitidos pelo Executivo. As páginas do matutino da família Câmara deveriam ser mais valorizadas, óbvio… por eles mesmos.
O saudoso Valdir Prado, pai de Eduardo, era um homem decente, de bem e honesto até onde isso é possível. Deve estar se revirando no túmulo.