Programas sociais implantados até com rapidez por Rogério Cruz escorregam no baixo número de beneficiários e na ineficiência para compensar os prejuízos da pandemia para os vulneráveis
O prefeito não eleito de Goiânia Rogério Cruz mostrou-se rápido e certeiro para implantar as duas principais promessas de campanha do prefeito eleito de Goiânia Maguito Vilela, infelizmente falecido. Em janeiro, já havia aprovado todas as providências indispensáveis para o IPTU Social, que teoricamente isenta 60 mil famílias de baixa renda de pagar o tributo. Mais um mês, um fevereiro de apenas 20 dias úteis, e estava pronto o programa Renda Família, também em tese destinado a pagar um salário de R$ 300 reais durante seis meses para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Ponto para Rogério Cruz, que de fato anda precisando de algum estímulo. Mas…. ooops, velocidade demais atrapalha o equilíbrio. Será que o IPTU Social e o Renda Família merecem mesmo o nome de programas sociais, isto é, poderiam ser considerados como iniciativas de governo capaz de realmente compensar os prejuízos que a pandemia está impondo para as faixas mais carentes das goianienses e dos goianienses? Se depender do número de beneficiários, negativo. Não dá. Tanto um como o outro são ferramentas diretas de distribuição de auxílio monetário extremamente limitadas, com exigências claramente colocadas para reduzir o total de favorecidos.
Se considerarmos que Goiânia tem 1,5 milhão de habitantes, pouco mais, pouco menos, nem mesmo 5%, ou entre 70 a 80 mil cidadãs e cidadãos, serão providos com a ajuda, conforme as informações do próprio Paço Municipal, que admite, por exemplo, a concessão desomente 24 mil auxílios do Renda Família. É uma gota de água no oceano, ainda mais quando se avaliam as dificuldades para habilitação aos dois mecanismos, que são muitas. Não pagar o IPTU e receber R$ 300 reais por seis meses, no final das contas, chegaria como realidade para bem menos gente do que o momento de contingência social e econômica está colocando em estado de necessidade. Para que se tenha uma ideia da mediocridade dos números da prefeitura, o auxílio emergencial do presidente Jair Bolsonaro alcançou em 2020 66 milhões de filhos da pátria amada ou 32% dos mais de 200 milhões de brasileiros.
Não é crível que meramente 5% dos que moram na capital precisam hoje de apoio do Poder Público. Porém, já é alguma coisa, melhor do que nada, dirão os espertos burocratas do alto do Park Lozandes, que trataram primeiro de salvaguardar o caixa municipal para garantir a conclusão das obras milionárias iniciadas e não concluídas pelo ex-prefeito Iris Rezende, espalhadas por todos os cantos da cidade. A eles cabe advertir que o baixo alcance caracteriza os dois programas como eleitoreiros e demagógicos, inventados sob medida para, mediante um custo módico, levar para a população em geral a impressão de que a era da magnanimidade está inaugurada na prefeitura depois dos anos de falta de sensibilidade do irismo obcecado pelo cimento e pelo ferro.
Rogério Cruz, à procura de quem ser, continua sem saber que figurino vestir. O seu próprio ele deixa em casa quando sai para dar expediente. Cá entre nós, parece um menino esforçado que deseja conquistar a benevolência e o afeto de todos. Só que administrar uma metropolezita como Goiânia exige personalidade forte, liderança política e capacidade para inovar. Prefeitos que destoaram desse perfil, como Paulo Garcia, Pedro Wilson ou Darci Accorsi, perderam-se pelos desvãos da história e hoje nem são lembrados mais. O atual, pelo caminho escolhido até agora, caminha para ser jogado no limbo antes mesmo de concluir o seu mandato.