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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

21 maio

Leilão da sede da Editora Abril, em São Paulo, antecipa o final de O Popular, jornal desfibrado cujo desaparecimento será um avanço para Goiás

Olá, leitoras e leitores, voltamos à ativa. O leilão do prédio da Editora Abril, em São Paulo, é mais um sinal a sugerir o fim, iminente, da imprensa em papel, que tem em Goiás o jornal O Popular como sua expressão maior. Observem que, desde há muito tempo, o matutino dos Câmaras vem reduzindo sua presença, sintomaticamente diminuiu de tamanho e hoje pode ser visto com os seus exemplares amontoado, à noite, nas padarias onde é entregue pela manhã e não vende um único exemplar. Não é exagero. É questão de tempo o encerramento da versão em papel, não se justificando a enorme despesa gerada para produzir algo que ninguém quer ler, a exemplo do que ocorre pelo mundo afora.

Particularmente, desde há muito tempo que considero O Popular nocivo para os interesses gerais de Goiás, em especial pela falta de posicionamento ou opinião. Não há praticamente, entre os veículos dessa importância, no país, uma omissão tão grande quanto a ideologia ou alinhamento político. Por exemplo:  para o POP, como o chama o Jornal Opção, hoje concorrente direto caso comparados os sites, tanto faz o presidente da República ser Bolsonaro, Lula, FHC ou qualquer um. Seus editoriais são um primor de falta de senso e de posicionamento, alinhando generalidades que beiram o ridículo.

O fim de O Popular, embora sobrevivendo online, mas como um dentre tantos, vai desobnubilar e tornar mais democrática e inteligente a imprensa em Goiás em sua manifestação final e definitiva, que é o meio digital. Os Câmaras não têm o menor preparo e consciência para uma atualização com a modernidade, como exigida, ainda mais depois do fracasso da gestão de Cristiano Câmara, que deveria ter representado a renovação da família, mas acabou cedendo e devolvendo o comando da empresa ao seu pai – o quadrado e superado Júnior Câmara, cuja identificação com o jornalismo sempre foi zero, do alto da arrogância da supostamente maior empresa de comunicação de Goiás.

Em uma perspectiva de futuro, jornalismo e imprensa dependerão cada vez mais de opinião. O Popular não tem e não terá espaço nesse novo mundo.