Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 ago

Em 45 dias, O Popular publica 5 entrevistas de página inteira e 2 de texto corrido com Gustavo Mendanha, além de quase uma centena de notas na coluna Giro

Para o jornal O Popular, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha é o principal político em ação em Goiás. De 7 de julho passado até hoje, o matutino publicou em sua edição impressa cinco entrevistas em estilo perguntas e respostas de página inteira, a última, nesta quarta, 25, ocupando duas páginas, além de duas entrevistas em texto corrido e quase uma centena de notas na coluna Giro, espaço mais nobre do principal veículo de comunicação de Goiás.

Todas as matérias foram escritas pela repórter Fabiana Pulcineli, sempre sobre o mesmo tema: Mendanha fala sobre a aliança do seu partido, o MDB, com o DEM, condena, faz críticas a Caiado e insinua que pode sair da legenda para se candidatar a governador, o que nunca afirma com clareza. No mesmo período, os principais protagonistas do acordo entre emedebistas e democratas, ou seja, o presidente estadual do MDB e o governador Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, não foram entrevistados nem uma única vez. O que eles pensam saiu em O Popular apenas em declarações curtas e retiradas de discursos, inseridas no contexto das reportagens que trataram do assunto.

Nessa postura editorial de O Popular, chama atenção a estranheza. Mais ainda quando se constata em, em suas entrevistas, Mendanha se dedica com afinco a driblar Fabiana Pulcineli, que não consegue arrancar declarações realmente jornalísticas para justificar o tremendo espaço ao prefeito. Em nenhuma nelas, por exemplo, mesmo instado, o prefeito não dá nomes sobre quem o apoiaria dentro do MDB. Não admite sequer ser candidato a governador. E fala sempre em um “modelo aparecidense de gestão”, que entende ser o ideal para Goiás, mas cujos parâmetros e condicionantes não revela, mais parecendo releases da milionária Secom de Aparecida, que gasta R$ 10 milhões por ano com publicidade e marketing para tentar construir uma imagem positiva para uma gestão assentada na falta de respostas para os enormes desafios que afligem as aparecidenses e os aparecidenses, sem marca, sem identidade e sem obras, físicas ou não, de referência.

Em uma análise precisa, o Jornal Opção avaliou que Mendanha “tem fala mole e o discurso tosco”. No alvo, leitoras e leitores: ele é oco como um papo de anjo. Na entrevista quilométrica desta quarta, 25, em duas páginas e 2.500 palavras, não apresenta uma ideia original, inovadora ou interessante nem muito menos qualquer proposta para o Estado, a não ser a implantação do tal “modelo aparecidense” – na verdade baseado, como se sabe, no loteamento político dos cargos da prefeitura para garantir ausência de oposição e uma falsa “unanimidade”. Para o título, não havia nada para Fabiana Pulcineli escolher, a não ser uma frase sem sentido e sem explicação: “Se o MDB estivesse morto, Caiado jogaria terra, como sempre”. O que significa isso? Nada