Por que Mendanha trocou um político de futuro como Daniel Vilela por um aventureiro destrambelhado como Paulo Cézar Martins? E vestindo a carapuça de traidor aos que fizeram dele o que é?
De algum tempo para cá, não há mais fotos em circulação mostrando juntos o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e o presidente estadual do MDB Daniel Vilela. Antes “irmãos”, com Mendanha professando sempre que possível a sua lealdade e fidelidade, afastaram-se radicalmente desde que o prefeito refugou a proposta de aliança com o DEM, balançando o espantalho da candidatura emedebista própria a governador, em 2022.
Em contrapartida, aumentaram os registros de Mendanha ao lado do deputado estadual Paulo Cezar Martins, um trêfego que não perde eleição, mas não tem qualquer colaboração para a sociedade nos seus mandatos como vereador e deputado, a não ser o leva-e-traz de pacientes entre as suas bases no extremo sul do Estado e as clínicas e hospitais da capital e agora de Aparecida. Em alguns momentos, é visível o constrangimento do rapaz de cavanhaque mefistofélico posando com o homem da cabeça redonda sem nenhum fio de cabelo(veja acima). Paulo Cézar é um político complicado. Não se preocupa com conteúdo nem muito menos com qualquer tipo de coerência. Fez campanha contra o candidato do MDB em Quirinópolis, no ano passado, o mesmo MDB dentro do qual jura entregar até sua última gota de sangue em defesa do lançamento de um representante na eleição de 2022. Não tem convicções sobre nada, a não ser seus interesses, entre os quais ficar mais rico e se reeleger são as prioridades, e, como ficou conhecido na Assembleia, o de buscar alguma vantagem em tudo, em especial nas votações de matérias de maior importância.
Mendanha trocou Daniel Vilela por isso. Pisoteou uma amizade de raízes profundas e limpidamente familiares, construída com carinho e confluência de intenções. O pai de Daniel, Maguito Vilela, promoveu uma revolução em Aparecida, ao rasgar as amplas avenidas e implantar os polos industriais que revolucionaram a economia do município. Empenhou seu prestígio na eleição de um sucessor que, sem o seu aval, jamais passaria de ser o que já era, ou seja, um apagado vereador de interior. Foram duas eleições vencidas, pela prefeitura, sempre pendurado no prestígio de quem chamava de “padrinho” – aquele que, mal esfriou no caixão, foi imediatamente esquecido e substituído por más companhias como a de Paulo Cézar Martins, por um lado, e da sua vasta entourage de baixo nível, assalariada por conta do caixa do município de Aparecida, por outro.
Essa gente, depois que Maguito se foi, passou a soprar no ouvido do imaturo e inexperiente Mendanha que a oportunidade de sair da sombra de Daniel Vilela estava posta e não poderia ser desperdiçada. Esqueçam, leitoras e leitores, essa prosopopeia de candidatura única. É desculpa esfarrapada, algo que já está desmoralizando seus escassos defensores, a exemplo do “evento” da noite de sexta-feira passada, no Ateneu Dom Bosco, onde, além de Mendanha e de Paulo Cézar, não havia mais ninguém conhecido compartilhando a tese. Um vexame que deixou Mendanha constrangido, como se pode ver nas fotos batidas na ocasião e que ele, Mendanha, não teve coragem de mencionar nas suas redes sociais, onde não tocou na reunião.
Trocar Daniel Vilela por Paulo Cézar Martins e pela arraia-miúda que o aplaude para ganhar benefícios, geralmente cargos na prefeitura de Aparecida, é uma inconsequência que vai custar caro para Mendanha. Daniel tem apelo junto ao eleitorado do município, onde a simpatia pelo nome do seu pai vem antes do aval que o prefeito recebeu na eleição passada. Não só Daniel, como também o MDB, partido que Mendanha pode abandonar para saltar no escuro e tentar atrapalhar e prejudicar a inevitável trajetória do seu “irmão” rumo ao governo do Estado, em 2026.